O Romance De Um Verme

Feito em 11 de Julho de 2011...
Mesmo para ti, é muito gélido,
Mesmo para ti, o cimento é frio.
E esfria meu cadáver, a ponto de se acabar.
Um corpo frio. Um caixão frio. Um gélido cimento.
Um túmulo do sacro, e da putrificação.
É nele que habitarão os vermes,
Que devorarão minha carne já fria,
É nele que habitarei por sobre flores e madeira.
Quantas velas se acenderão?
Quantas rezas irão me cercar?
E eu sem poder me mexer,
Com os vermes a me acabar.
Me restará apenas ossos,
Me restará ossos e o gélido cimento,
Que me tranca em uma gélida escuridão.
Não posso ver, mas sinto os vermes?
Eles são brancos e me devoram até a alma,
Comem meu coração, meu rosto.
Me deformam, comem meu pescoço.
Eles são brancos e me devoram.
Mesmo em vida fui frio,
E sempre fui um cimento gelado,
Uma pedra jogada ao mundo,
Uma pedra jogada ao lado,
De tantas velas que queimam,
E libertam os condenados.
Uma vela que tenta esquentar um cimento,
E um corpo frio, morada de vermes,
Os grandes e gordos, vermes brancos,
Não os pequenos de um lixo qualquer.
Sabe aquele seu lindo rosto?
Não existe mais.
Sabe aqueles seus lindos olhos?
Não existem mais.
Sabe aquele lindo corpo?
Não existe mais.
Sabe aquela pessoa viva?
Não existe mais.
Ela agora é uma fábrica de vermes,
Ela agora já é fria.
O corpo agora é uma morada,
De um nada, morada vazia.
Aproveite seu sorriso, antes que vire uma ossada,
Aproveite sua vida, antes que vire em um nada.
Tudo ao seu redor é frio,
E tudo sempre te enregela.
Te esfria, tudo peneira,
Você e seu cadáver vivo de vermes.
Imagine o cadáver de um santo,
Ou o da Cinderela,
Imagine o cadáver de um santo,
Ou o da Cinderela.
Tudo em você agora é frio.
Tudo ao seu redor é frio.
Vozes frias. Lágrimas frias.
Túmulos frios. Noites frias.
Noites de encontros românticos,
De seus vermes mais você,
De você mais um frio caixão de madeira,
De um caixão mais um túmulo de cimento frio,
Do cimento frio mais um cemitério frio.
Não viva pensando em encontrar seus amigos vermes,
Aproveite seus olhos, sua boca, seu corpo,
Antes que sirvam de morada,
Para um frio bichinho,
Que lhe ama, que lhe ama. Cadáveres e vermes!.

By: AyKe.AeRa.

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