Hiberno



Eu quero uma rima que dure,
Eu quero um poema eterno,
Em um passo que me aprofunde e cure,
Antes da depressão do inverno.
A chuva, o cinza e a fumaça,
Eu me tranco no meu quarto e hiberno,
Eu sou a vítima em ameaça,
Que joga um jogo com um inferno,
E eu durmo, fecho os olhos e não vejo,
E eu me acabo tentando achar,
A substância da alquimia que almejo,
Mais forte que o poder nuclear.
Eu hiberno no inferno eterno,
Na lembrança de um porta-retratos,
Eu hiberno de terno no externo,
Na incerteza da frase eu me mato,
Eu quero uma rima que dure,
Eu quero um poema materno,
Um poema que seja maior e segure,
Um poema que seja popular e moderno.
Eu fecho as portas e acendo minhas velas,
De cortinas fechadas e de olhos estrelados.
Abri e soltei os meus prisioneiros das celas,
Em um mundo escuro de tempos passados.
Eu durmo e descanso e sentencio as suas escolhas,
Existem maneiras melhores que eu não governo,
A minha vida é feita de poemas e de folhas,
De personagens fictícios que me fazem subalterno,
Por isso eu hiberno no inferno eterno,
Eu hiberno de terno no externo,
Eu quero uma rima que dure,
Eu quero um poema materno.
Venha até a mim e não pare de ler,
Eu hiberno em eu mesmo e na escuridão,
Nada mais pode me acontecer,
Enquanto você me segura pela sua mão,
Entre no escuro e no meu desejo mais secreto,
Faça de mim a sua morada e o seu poema indiscreto,
E acabe com os meus vícios e os meus piores vazios,
Com todos os meus medos e os meus arrepios.
Eu sou o rei do meu vale de lágrimas sombrio,
Eu mando na minha vida e no meu imenso vazio,
Deitado no chão sobre um manto dourado,
Eu estou dormindo e permaneço trancado,
Por que eu quero um poema que dure no eterno,
Eu quero e eu desejo e desta vez eu não espero,
Por isso eu hiberno no inferno eterno,
Eu hiberno de terno no externo,
Eu quero uma rima que dure,
Eu quero um poema materno.
Ninguém sabe o que eu escondo atrás das fantasias,
Das tantas informações e das tantas maneiras equivocadas,
De evocar um mundo de sombras e alegrias,
De expressar os meus instintos e minhas palavras.
Eu quero viver, e quero que isto dure.
Quero que isto me faça crescer e que isto me cure,
Por que não há mais nada para eu lhe mostrar,
Não existem mais expressões ou maneiras de se amar.
Me cure, me leve para longe disso tudo,
Não me segure, eu quero hibernar no meu mundo.
Quero dormir na minha rima que mais colou,
No pedaço de um projeto que este outro começou,
Eu durmo e descanso e sentencio as suas escolhas:
“Ler ou não ler? Que se abram as rolhas!”
“Beber ou não beber? Eis a questão!”
Hibernando sem escolhas em um mar de decepção.
E eu não estou me acovardando e tentando recriar a Odisseia,
Mas um poema mais bonito e popular para uma plateia,
Eu desejo, eu quero e eu não controlo, é o fim,
Eu quero um poema materno, a linha é cega.
Por que as coisas foram acabar assim?
Por que mentir que é feliz se você não desapega?
Isso não é sobre você é sobre mim e meu poema eterno,
Uma mudança de concepção, este é o meu mundo e eu hiberno.

By: Ayke La’Reyl
Feito em 15 de Abril de 2015.

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