AM-D-SENH (OR)

Da grandeza e do rompante dos meus amores,
Gritei para o tempo em todas as cores:
Minha batida de banana, com desenho animado na televisão.
Minha coberta azul de bichinho e meu medo do bicho papão.
Abrir o guarda roupa e me esconder junto com meu cabide:
A vida passando e gritando: “Venha e revide!”
Minha árvore preferida de fruta no quintal lateral,
Meu amigo brigando comigo, em um dia normal,
Com um gênio de tirar o fôlego, na beira da formação,
Brincar de pega-pega e de polícia e ladrão.
Sentado na grama depois de girar sem parar,
Correr na rua até me faltar o ar,
A vida girando e dizendo: “Amadureça!”
“Acorde deste sonhe e vê se cresça!”
Não deite nesta grama e esmoreça,
Se perca nas palavras e escureça,
Jogue tudo para o alto e não esqueça,
“Venha, revide com um golpe seu covarde!”
E veio a adolescência sem fazer nenhum alarde...
Espinhas no rosto. Reviravolta de razão,
O primeiro amor que me deixou sem chão,
Subindo nas nuvens, descrevendo o paraíso,
Se entregando aos poucos para um falso sorriso,
Por que destruí meu coração?
E subindo, subindo, perdi a noção,
Naquele canto sozinho atrás da cozinha,
No colégio da minha vida que era vazia.

A cor castanha:
A roupa da moda, o padrão do verão,
O celular mais moderno para chamar atenção.
O projeto de homem que não sabia se queria ou ficava,
Se dizia ou se guardava,
Se iria ou se parava.
O jovem que quase levou na cara por ser estranho.

Da grandeza e do rompante dos meus amores,
Gritei para o tempo em todas as cores:
Por que destruí meu coração?
Então peguei a caneta na minha mão,
E escrevi AMOR.
Curei a DOR.
Por que SENHOR
Comecei a amar tão cedo?

By: Vicenzo Vitchella
Feito em 11 de agosto de 2017.

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