A Última Rosa do Inverno

A minha poesia grita
A minha poesia chora
E eu sou a minha poesia.
Eu sou aquela cozinha verde clara,
Aqueles olhos verde acastanhados.
Eu sou a rosa desmantelada sobre a bancada
E o homem jogado no chão com um cigarro.
O homem sem carro
O homem sem rumo
O homem sem nada.
Apenas um homem.
Geadas vindouras cobrindo meu coração,
Na neblina que me preenche de sofreguidão
De lhe ter sobre os meus olhos caídos
Abaixados e tão comovidos
Porque tu não pode estar onde habito,
Você não é mais do que um buraco sem fundo
Uma rua sem saída, no fim do meu mundo.
E sobram poucas rosas,
Faltam palavras.
Sobram lágrimas, sobem arrepios
Calafrios, porque estou escrevendo em um inverno.
Um inverno de gramática e escuridão.
Talvez um pouco mais de ambição
Para erguer e não descer sobe as ladeiras.
Cala a boca! Chega de besteiras!
Você não era o centro de seu próprio universo?
Não sobram rosas e nem versos,
Não sobraram vestígios e nem pistas,
O homem que não vai estar nas capas de revistas.
Porque este homem chora.
Esta poesia grita
E eu sou o homem e tudo que nele habita.
Eu sou um nada
Um homem vazio e rosa.
Talvez me pinte de uma cor perigosa
E destile sobre o mundo o meu veneno.
Mas sou pequeno
Sou o nada.
O homem sem carro
Apenas um homem
Que tira do peito a última rosa do inverno.

By: Vicenzo Vitchella
Feito em 28 de agosto de 2017.

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