Os Nossos Setembros

A cidade fica luminosa, as pessoas fecham seus olhos.
E tudo isso eu vejo da janela aqui da cozinha,
Comendo brigadeiro e lendo as suas palavras.
Tentando ler em você um pouco do meu suspiro,
Um pouco a mais de meu delírio,
O que você idealiza tanto em mim...

Não sou uma festa alegre, colorida e vibrante,
Nem uma fonte de água límpida e refrescante,
Sou uma marca barata de refrigerante,
E posso ser a pessoa mais chata e indesejada.
Não sou uma ceia de família no Natal,
Nem uma viajem pelo lado mais normal,
Sou um macarrão com alho, óleo mais sal,
E uma roupa já bem gasta e usada.

Sou meus comprimidos para inflação e imunossupressores,
Odeio as redes sociais, as tecnologias e os computadores,
Constantemente eu sou um punhado bem grande de dores,
Mas elas passam e acabam mudando a cor do meu cabelo.
Não sou a paciência e nem a flexibilidade,
Mas sou analítico e aprecio a competitividade,
Eu sou obstinado mas me falta a estabilidade,
Eu gosto do escuro mas eu aprecio muito mais o vermelho.
E lá se vai o meu brigadeiro.
A cidade é que continua a mesma...

Eu deveria estar dormindo,
Mas a noite sempre acaba me seduzindo,
E eu acabo perdendo totalmente a noção,
Fico camuflado dentro da escuridão,
Eu não sei mais se isso é correto.

São quatro horas da manhã,
E eu me sinto liberto...
E eu não sei mais o que eu quero...
Quem é você que escreve de longe?

Só quero ir fazer o meu ovo pochê,
Que hoje é dedicado para você,
A mulher poesia em formato de prosa.
Você não é um desastre é maravilhosa!
Toda rosa em um jardim tem espinhos.
Os nossos setembros são tão sozinhos,
Deixa fluir o dia sempre amanhece,
Não precisa ter medo, eu não brilho no sol.

By: Vinicius Osterer
Feito em 14 de setembro de 2016.

Comentários

  1. Olá, como vai?
    Um dia, se essa confusão que tenho vivido passar (e isso me sobraria muito tempo), ainda chego a ler cada palavra e pontuação daqui. Você é muito bom com as palavras, Vinicius, gosto mesmo de te ler. Apesar do pouco tempo que tenho te acompanhado, acho que já sou capaz de opinar a respeito de tua escrita a partir do que li, mas fique à vontade pra descartar o que está prestes a ler caso não considere algo positivo haha Você escreve de um jeito diferente, que (me) prende não só pela estrutura como também pelo conteúdo. Apesar de algumas temáticas serem recorrentes, como homem vs ele mesmo e seus conflitos internos, vejo que você explora outras coisas também, por mais que sejam na maioria das vezes sempre em primeira pessoa, mas através de outros Vinicius. Não é como muitas pessoas que sempre estão escrevendo a mesma coisa, sempre sob a mesma perspectiva, como se se limitassem a um quadradinho e ficassem sempre nele, como a pessoa que te escreve esse comentário. Aí a gente se acostuma e quando nos deparamos com algo "novo", a gente até já tem ideia do que vai acontecer, sabe? Perde a graça. Dá preguiça de ler. E eu tenho uma mania chata de me questionar sobre o que leio, faço ligações aqui e ali, fico procurando pistas, tento identificar uns resquícios pra chegar à alguma conclusão do que foi exposto... E com o que você escreve, dá pra fazer tudo isso tranquilamente e é até legal porque seus escritos permitem várias interpretações... Fico até intrigada quando você oculta sobre quem se trata em seus poemas, pois a maioria o foco é no eu lírico. Ultimamente, tenho lido por aqui algumas palavras pra alguém do sexo masculino, por exemplo, e fica claro - pelo menos pra mim - quando se trata de alguém externo ou não. Não sei se você faz isso inconscientemente, mas eu, por exemplo, sempre deixo escapar sem querer (eu descrevo demais e algum adjetivo sempre me entrega). Se faz, meus parabéns. E, isso abre um monte de possibilidade de análise. Outra coisa: tenho a impressão de que é tão natural escrever, pra você. Não é fácil traçar um monte de verso e ainda rimar de uma maneira que faça sentido. E você produz bastante, é de impressionar. Há quanto tempo você escreve (acredito que vai mais além do que o arquivo de postagens mostra)? Ah, nem venho aqui ficar comentando a cada vez que posta porque só ficaria na mesmice de querer te elogiar e blá-blá-blá e, confesso, te ler me anestesia ao ponto de às vezes me faltar até o que falar. Enfim, continue escrevendo ;)

    Desculpa por qualquer coisa e, principalmente, pelo textão. Juro que não era essa a minha intenção, eu até tentei reduzir, mas não deu muito certo.

    beijos!

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    Respostas
    1. Muito Obrigado pelo incentivo, te garanto que estas palavras são de grande valia para alguém que queria desistir, e chegaram em uma boa hora... Sonhar de mais às vezes cobra muito da gente... Vc acertou em suas percepções sobre esta pessoa externa... Mas nunca percebi que deixava tantos rastros no que escrevo... Muitos dos meus amigos liam e não entendiam nada, pararam de ler, mas continuei a escrever... Escrever é meu ponto de fuga e faço isso desde que minha mãe morreu em 2010... Comecei com desabafos... Tenho uns 400 rascunhos que já foram publicados, mas tirei daki juntei tudo em livros que publiquei no clube de autores para poder tê-los fisicamente... Nunca ninguém falou assim disso q escrevo... Agradeço msm e não irei descartar nenhuma de suas palavras, criticas construtivas como esta sempre serão bem vindas, assim como qualquer forma de opinião e analise... E se me permite tbm não acho que vc se limita quando escreve... Adoro ler prosa apesar de amar fazer poesia... Vc descreve fatos cotidianos de uma forma tão poética e tão sedutora em cada palavra que não é difícil não gostar daquilo que vc escreve, e crio na minha cabeça as vezes as coisas que vc faz e sente, seu quarto, sua maneira de ver a vida e suas confusões como vc msm disse... Obrigado pelas palavras escritas aki e pelas palavras que vc escreve lá, são significativas para mim! :D

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    2. Que lindo tudo isso que acabo de ler.
      Espero, sinceramente, que você não desista... Como você bem disse, escrever é seu ponto de fuga. E às vezes é esse ponto de fuga que te mantém em pé. Digo isso por experiência própria ;)
      E obrigada pelo retorno!

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