Equinócio de Setembro VI

Se eu quero? Como eu quero,
Se eu não quero? Não quero mais,
É esse meu dilema quase antônimo,
Que me mata um pouco e tira a minha paz.
Todas as coisas boas e positivas,
Esperavam-me na sala para uma conversa,
Para fazer um balanço de fechamento de ciclos.
E as coisas ruins e negativas,
Aguardavam-me no quarto, em um canto sombrio,
Para mostrar o do por que ainda estou vivo.
E desta forma eu invoquei todos os meus ancestrais,
Os filhos dos filhos e os pais dos pais,
E foi assim que previ qual seria o meu começo,
Com uma voz estrondeante que eu obedeço:
“Você é todo o mal e o demônio de sua alma,
Um furacão com nuvens densas e ventos poderosos,
É a água limpa que corre na fonte em calma,
E mata a sede dos gostos mais excêntricos e rigorosos.
E você é a escuridão da noite mais fria de um ano,
Você é a luz de um dia quente de verão,
Você é o homem encoberto por um pano,
E o homem desnudo sem forças na multidão.
Você é o sangue ofertado como oferenda,
E o corpo de Cristo na partilha do pão,
Você é um imortal e uma lenda,
E um mortal que perdeu o próprio chão.
Acenda uma vela para pagar por seus pecados,
Pois não existe salvação para um perdedor injustificado,
Amarre os pés! Bem firme, deixe-os parados,
Por que é o seu carma ouvir como a um crucificado.
Se a luz lhe consome, a escuridão lhe invade,
Mostrando-lhe que nem de toda luz vive o ser humano.
E se a escuridão lhe enche os olhos já bem tarde,
Todas as luzes de um dia evaporam por mais um ano”.
Então eu saí da sala para o canto escuro do meu quarto,
E me deixei levar por sentimentos ruins e suicidas,
Por um momento pensei em me matar por estar farto,
E por cansar de ter que voltar para as mesmas feridas.
Então assumi o controle e uma voz grosseira me falou:
“Você sempre foi incapaz, e você nunca se amou”.
Eu fechei os meus ouvidos e gritei para o universo:
“Eu sou maior do que você e do que qualquer coisa do inverso”.
“Eu sou uma estrela imersa na massa escura,
Sou a época de cheia e da secura,
Sou o inverno, mas também sou o verão,
Nas quatro estações do ano do meu interior e coração”.
Abri os meus olhos e estava no Equinócio,
No antagonismo que eu mesmo criei,
Se eu posso? E como eu posso,
Parei de me queixar e então não mais chorei.
Fui para a cozinha tomar uma xícara de sol,
E comer uma fatia do meu próprio mundo.
E atravessei aquela que seria uma possível última vez.
Se eu quero? Como eu quero,
Se eu não quero? Não quero mais,
Comecei a primavera e espero,
Não olhar para o passado, isso jamais!

By: Vinicius Osterer
Feito em 22 de Setembro de 2015.

Comentários

Postagens mais visitadas