Na Mira

Feito em 03 de Setembro de 2011...

Quem pode prever a queda de alguém lá de cima.
A festa não para, camarote abaixo ou acima.
Quem abandona assim um barco a deriva?
Quando se quebra em tantos caminhos azuis ou verdes.
Você nunca vê que é o alvo e não usa a mira.
Um calibre desconhecido. Quem sabe nem exista uma arma.
Mas todos que andam pelas ruas,
Tanto abaixo tanto acima,
Mesmos felizes ou tristes pelos becos e cantos,
Todos estão na mira. Prontos para serem mortos.
A multidão de pessoas que não pensam,
Ou a mesma multidão que faz os outros pensar.
Os jovens artistas que criam suas obras,
Ou as mães que cantam cantigas de ninar.
Pelas praças onde velhos sábios conversam,
Ou pelas pracinhas onde crianças tropeçam,
Nos próprios pés de tanto correr de se pegar.
A festa não para. O mundo ele gira.
A festa não para, a heresia é o bom senso.
Até que ponto nós podemos chegar?
Liga-se a TV pela manhã onde alguém já diz bom dia,
E você finge acreditar naquelas palavras,
Pois sabe o que o dia lhe reserva.
Mais atrasos, mais compromissos, e você sem tempo para pensar.
Como pode ser assim tão fácil?
Somos os alvos das enxurradas,
De palavras, sorrisos, mentiras e olhares,
Das mesmas pessoas mal amadas,
Que nos levam a loucuras de sentidos e lugares.
E continuam a nos enganar com mentiras,
E nos dizem que tudo vai ficar bem.
E não fica. Nada pode mudar.
A TV me diz que não. O rádio me diz que não.
Meu lugar quem sabe não se encaixe.
E assim perco mais um dia a pensar.
Quando podemos usar nossas armas?
Já estamos aptos ao combate das armas?
Quem é culpado aqui ainda assim só é usado.
Mas me diga então quem conhece?
Um não muda pouca coisa entre o que sabemos e o que não.
Não preciso ser tão legal assim a ponto de me perder.
Não preciso fazer coisas fúteis para te surpreender.
Estou aqui na mira. Mas também serei mirado.
Ficar sem cabeça na guilhotina,
Para pagar pelos meus pecados.
Ou perder um dedo na santa inquisição para purificar minha alma.
Apenas viver ás escuras, com a solidão dos negros dias.
Você pode ligar no noticiário, mas se esqueça de cobrir os olhos,
Ou de fingir que não viu nada,
Ou sair pelas manhãs de casa,
E ouvir mais reclamações das fadas.
Quem não ouve aqui finge ser cego.
Não precisa ter sentido para ser real.
Tudo na hora desejada. A mira é esperta.
Ela não te observa ela te olha.
Sim, sim essa é sua hora!
Cansei das mesmas promessas de um futuro brilhante,
Ou das mesmas penitencias por alguém já morto.
O velho de um passado, de bengala, meio torto,
Quanto tempo poderei ainda agüentar?
Quando apertarem o gatilho eu quero enfim poder gritar:
“Meu paraíso do juízo de gosto, onde me enterram até o pescoço”,
“Um julgamento final da terra, foi justo, foi justo.”
Como saber quando? Ou quem me mira?
Sei muito bem dos meus desgostos,
Quem sabe ainda não caia sem uma morte nas costas.

By: AyKe.AeRa.

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