O Tronco Humano e Não Arbóreo

Se eu sou um ser humano sem galhos, com meus braços,
Sem frutos, apenas com espermatozoides no meu saco,
Sem abrigo para pássaros, abrigando uma alma,
Meu tronco não deve possuir a mesma função.
Se desfragmentado não posso ser um palito de picolé,
Um móvel para a sala, um assoalho do chão,
Posso ser um pedaço de carne morta,
Cheia de bichos, que cheira podridão.
Puto da cara e não de coração!
Puto da cara e não de coração!
Por que meu coração é gay e colorido,
Mas meus desejos são muito assexuados.
E no fundo eu bem sei, tudo está resolvido,
Eu gosto de jogar dentro dos dois lados.
O tronco humano, sem seus pecados,
Por que pecado é coisa de cabeça e cerebral,
Pensamento ultrapassado de idade medieval.
O tronco humano, com alguns galhos,
Na parte de trás da minha nuca,
Uma tatuagem, o meu Kama Sutra,
Dos meus vinte e um anos e espiritual.
Tocam as trombetas do julgamento final!
Se tivessem drogas e gogo boys na igreja,
Como em um espetáculo de um cabaré,
Talvez a salvação em um copo de cerveja,
Com um punhado de dinheiro nos bolsos e fé.
E todas as pessoas de um passado,
Que entram e saem de carros, na comunhão.
Na remissão de todos os pecados,
Dentro da minha velha oração.
E nós éramos poesia e hoje somos monólogos,
Extensos textos sobre nós mesmos...
Somos um punhado de amores e de desejos,
Já fui um personagem com muitos enredos,
E hoje só mais um homem com uma árvore no pescoço,
Que dorme até a hora do almoço,
Dentro desta complexidade de sistemas em ordem,
Minha caixa toráxica e meus membros superiores.
Quem sabe volte a ouvir Manson, a usar apenas preto,
Pintar meu cabelo colorido e manchar tudo aqui de dentro,
Ser um pouco mais eu e menos os reflexos dos outros,
Parar de refletir as coisas boas aos poucos...
E toda esta escuridão que rompe os meus poros?
E esse menino que nunca se deu o trabalho de enxergar?
O que fazer com ele? Já tentei o abortar!
Mas ele passou pelo período de gestação,
Cresceu e amadureceu a sua carga de opinião,
Quem sabe seja apenas mais da mesma solidão,
Batendo na porta e dizendo sou sua!
Me abrace e me beije, me leve que estou nua!
Por que este é seu futuro. E este é o futuro?
Um homem estranho muito mais inseguro?
Pois se ame, me ame, seja o hino de alguém.
Passe óleo no meu corpo, me jogue notas de cem,
Estou imerso dentro de uma alma significativa,
Uma camada funda e tão profunda da mente perceptiva.
Nós triunfamos com amor.
Teu membro direito é sustentado pelo emergente,
Teu membro esquerdo é muito mais gente,
Pelo clamor do povo que é eterno!
Dentro da direita que usa o terno,
Daquele homem triangular que pode ver tudo.
O espírito santo sobre o mundo.
O tronco é humano e não arbóreo.
O membro é superior e não simplório.
A vida é respirável, o corpo é descartável,
Dentro desta quantidade tão grande de miséria.
A alma plainando a superfície etérea,
Então eu subi dos mares, como uma espécie extinta,
Tinha dez chifres e sete cabeças com tinta,
Por que sempre gostei de colorir os meus cabelos,
Dez coroas sobre meus chifres tão pequenos.
Por que eu era um veado ainda novo e selvagem,
Coberto pelas blasfêmias da minha pior imagem,
Puto da cara e não de coração!
Puto da cara e não do meu órgão sexual!
Uma camada funda de mente perceptiva e atemporal.
Dentro da minha velha oração,
Pai Nosso que estais no céu e no meu coração!
O tronco humano, com alguns galhos.
Rodando dentro de uma bandeja, com meu tronco vertical,
Pegue um pedaço da carne, não irá lhe fazer nenhum mal,
Não é assim que funciona o mecanismo do mundo?
Eu sou o mesmo, tenho um esôfago para descer comida e desaforos,
Engolir a força o que é mastigado para mim,
Digerindo os acontecimentos aos poucos,
Para poder defecar tudo no fim.
Sua mão enlameada que me dá nojo,
Que me dá vermes no ventre e no intestino,
Uma grande merda para o meu destino,
Desnutrido de conteúdo, respirando alimento embalado,
A coluna vertebral de um mamífero ordinário e calado.
O tronco de um animal bizarro para exposição,
Estados Unidos da América, fascinação,
Só de pensar me dão borboletas no estômago,
Burlar a maneira que lhe deixa cômodo.
Por que sou este e não posso ser outro,
Dançando no poste, com meu abdômen chapado,
Um latino americano, muito obrigado,
Dado como troca em um acordo de paz.
Desastre eminente, já tinha visto nos seus mamilos,
Duros e rosados, como uma mulher virgem e não tocada,
Chupar seus seios, como minha mulher amada,
A pátria amada que está sobre meus pés,
Valorizar este chão, puto da cara e não do coração!
Dentro da minha esfera estomacal e humana.
Fazer o ar chegar até meus brônquios e alvéolos,
Enchendo o pulmão com gás sideral,
Que escapa da atmosfera perfurada pelo pênis de Hórus vertical.
Minhas costelas quadradas de tutano,
Enriquecidas em uma usina de urânio,
Que libera radiação das minhas fossas nasais,
Cheia de remorsos de todos os meus ancestrais,
Siderais, espaciais, angelicais,
Judeus, africanos, austríacos e humanos,
Nômades e primitivos, patronos dos meus sonhos,
Respira e inspira vida!
Lançando um olhar calmo com meu telescópio,
Como um exame médico endoscópico,
Com gel sobre o meu corpo, com a pistola erguida,
Atirando no seu peito meu sêmen gerador de vida.
Meus frutos escrotais e zigóticos,
Na nuvem negra de sentimentos hipnóticos.
Viva la República de la Revolución,
Dentro da fúria do olho de la conspiración!
Entre tiros e canhões plantarei minha poesia rosa,
Serei o demônio da guerra de uma forma charmosa,
Não venho montado sobre um dinossauro de ferro,
Um avião mortífero que desmantela com violência e opressão,
Um tronco metálico que não espero,
Estar conectado com uma outra dimensão.
Estou explodindo como o ano novo, quatro de julho e o ano do galo,
Minha mão ostenta calo sobre calo,
Por que bati minha cabeça contra as chagas de Jesus Cristo,
Pregado em uma cruz, luz do fim e do início.
Poesia é redenção dos meus pecados,
Enchendo minha barriga com comidas e mais comidas,
Na África existem um milhão a mais de vidas,
Mas este problema não é meu,
Estou do lado de fora,
Não é sobre meu governo, meu limite físico,
Não sou eu que sou magro e tísico,
A lona do circo colorido que envolve,
Arrancando meus olhos com uma bala de revólver.
Eu posso ser a máquina de sonhos ou da destruição,
Encenando com meus membros superiores e graus mais altos,
Mulheres de escarlate que não descem dos saltos,
Minha revolução cubana tropical!
O Brasil é vermelho? É um tucano? Que animal?
Um burro de carga, do agreste interiorano,
Meu nome não é democrata e nem republicano,
Sou o tronco não arbóreo de um ser humano,
Puto da cara mas não de coração!
Isso tudo deve ser solidão,
E um sábado chuvoso e nublado,
Um ser humano sem galhos e minguado,
Que tatuou sua árvore da vida no pescoço,
Eu sou puro osso,
Respira e inspira vida!

By: Vinicius Osterer
Feito em 04 de Março de 2017.

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