"Genitar"

Não quer entrar e tomar uma xícara de amor?
E dizer para mim qual deve ser o sabor?

Não quer parar e olhar a minha boca?
Vou genitar deixando sua voz rouca,
Dentro de um jardim de sentimentos práticos,
Primavera das ervas com poderes mágicos,
Quero injetar minha magia no escuro,
Deixar-te mais leve e seguro.

Genite sobre mim uma poesia modesta,
Dentro da minha selvagem floresta,
Que habita todas as partes que deixei pelo caminho.
Eu não estou aqui sozinho,
Estou com os meus pais ancestrais de outro plano,
Egos da minha mente fragmentada de ser humano.

Depois de recolher toda a magia,
Me arrumei por que aquele era o dia,
O dia completo da decadência.

Eu genitei em um sábado de noite, não tinha nada no estômago,
Bebi uma torre de chopp e dois litros de vinho,
O gênito veio sem parar,
Tinha um pedaço bem grande do meu desgosto,
Fui no banheiro e lavei o meu rosto,
Eu estava novamente nos eixos e bom.
Então ele chegou com uma caixa de som,
Que mais parecia um punhado de abelhas,
E apertou o botão do play:
Música alta e em replay,
Me bateu com o POP na cara,
Seu nome era quase uma genitália,
Shorts escuros, barba feita,
Tinha uma aparência mortal e perfeita,
Fadada pelos dias que iriam durar,
Toda dada pelos dias que furam,
As palavras às vezes não duram.
Era burro em demasia para tanta aparência.
Voltei para casa, na mesma decadência.
Sentei e comecei a genitar,
Botar gente na digitação,
Não vou rimar com coração,
Fica muito década de 2000,
Rimaria com puta que me pariu,
Como ele consegue ser assim tão viado?

Ele parecia um leopardo, com olhos claros,
Gostava de falar sobre os seus inúmeros carros,
Tinha pés e pernas de um animal feroz, talvez um urso,
E a boca de um leão que fazia um belo discurso,
Sobre como conseguia secar garrafas e garrafas,
Nas savanas, com elefantes e com girafas,
Talvez isso nem seja uma verdade,
Ele era um capricorniano mentiroso.
Era como se São Jorge deixasse o dragão fugir,
Vindo da lua para tentar me seduzir,
Pena que não falávamos a mesma língua de interesses,
Então parou de flertar por que viu que eu não era desses,
Ele tinha poder, um trono e autoridade,
Eu só tinha poesias, uma cerveja e alguma maldade,
Não queria genitar o pau dele,
Não queria saber mais nada.
Poderia ser um homem hétero ou uma bicha viada,
Mas não poderia ser mais um da sua lista,
A navegar por seus mares desconhecidos de marinheiro,
Seu linguajar sujo e tão grosseiro,
A xícara de amor é do amor próprio.

Não quer entrar e tomar no cu?
Como eu consigo ser assim tão viado?
Não sei, mas gosto de genitar.
E que raio de palavra é essa?
Talvez uma magia ou uma poesia modesta...
O dia completo da decadência,
Meu Deus dai-me paciência!
Eu nunca estou aqui sozinho.

By: Vinicius Osterer
Feito em 27 de Março de 2017.

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