Do Lado do Medo

Feito em 30 de julho de 2011...


Tudo era tão normal e perfeito.
Um dia perfeito e normal.
Vou sair pegar sol. Pensava um deles.
Os outros insistiam em ficar em casa.
O decidido foi não sair. O medo o acompanhava.
Ele então resolveu olhar pela janela.
Não via nada. Algo estava errado.
O medo o impedia de ver a realidade.
O medo o paralisava. O fazia gritar, chorar, se trancar em casa.
Esse podia ser um dia de sol.
Um dos outros não quer mais.
Então resolve ficar em casa.
Isso não era fraqueza. Ele não sabia o que se passava em sua mente.
Agora ele estava pronto para ouvir os outros.
Sua senhora o trouxe o medicamento.
Os outros não estavam mais lá.
Ele sai então. Do seu lado? Apenas sua sombra.
As pessoas o devoram com seu olhar.
Elas querem destruir com sua vida.
Ele cansa de achar que está enganado,
E que o mundo conspira contra ele.
Ele ergue a cabeça. As pessoas rugem como leões.
Agora não abaixa a cabeça. As pessoas o devoram com os olhos.
O destratam com a língua. Ele não chora.
Ele curte seu dia de sol. Ele ama o sol.
Não. Começou a escutar. As pessoas o perturbam agora.
Ele corre. Precisa se abrigar, as pessoas o devoram.
Ele não é louco. Ele apenas vive da sua loucura.
Onde está seu celular?
Ele liga para sua senhora. Ele precisa voltar.
A terceira voz o chama. Ele finge não ouvir.
A sua sombra o persegue. Ele não pode mais sorrir.
O sol não é mais o mesmo. O melhor era ter ficado em casa.
Embaixo de um bando ele geme.
Ele ouve os passos da multidão que o acompanha.
Ele ouve as vozes do mundo. Ele delira. Soa frio.
Sua senhora o avista. Ela chama por seu nome.
“Vinicius, o que você faz aí?”
“Eu não sei. Eles me mandaram.”
“Eu apenas cumpri as ordens. Eles me mandaram.”
Como meu lar é seguro. Eu é que não sou.
Meu medo está do meu lado. Ele sorri para mim.
E eu não acredito no que vejo. Sou louco?
Não fale comigo. Não sorria. Não diga e nem apareça.
Eu fujo para meu quarto.
Onde está a senhora? Já é noite foi para casa.
Quero meus comprimidos coloridos.
À noite me persegue. O medo vem. O que devo fazer?
Fujo para baixo da minha cama.
Estou com medo algo acontece.
Estou com medo. Choro para a madrugada.
Minha sombra está do meu lado.
Minhas vozes me dizem tudo que não queria ouvir.
Meus pensamentos enlouquecem pelo medo.
Uma fresta abre-se do meu lado.
Dela sai um olho que me observa.
O que eu fiz de errado?
A voz diz que nada. O olho me olha. Tenho medo.
Mais uma fresta se abre. Eu grito em pura agonia.
Aparece a senhora para minha alegria.
Ela me tranca em um tecido branco.
Ele me tranca e me oferece os belos comprimidos.
O que sai da minha cabeça? Não voz não me diga!
Os casulos libertaram as borboletas.
Os olhos me consomem na escuridão.
O medo está do meu lado. Não senhora. Não me drogue!

By: AyKe.AeRa.

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