Três Outubros
Queria escrever com poesia,
Três Outubros por dia,
E retratar a minha família ficcional
brasileira.
Um pai sonhador, que tem um filho bem
cedo,
Que pensava que amava um enredo,
Mas acabou só fazendo besteira.
Um homem que trabalha no que não
gosta,
Acha a sua família uma grande bosta,
Vive para pagar as contas e beber seu
pileque da tarde.
Um pai que ainda quer realizar os
seus sonhos,
Buscando sorrisos nos anônimos
risonhos,
E em toda aquela paz nas coisas
mínimas que o invade.
E aquela mãe forte que busca no único
filho,
A liberdade que a vida lhe tirou no
ninho,
Ainda sem a chance de ela se
conhecer.
A mãe que não sabe se gosta do que
gosta,
Que acha a sua vida uma verdadeira
bosta,
E vive fazendo as obrigações
domésticas para se entreter.
Aquela que decide mudar então de
vida,
Passa a se amar e ser mais bem
resolvida,
E descobre que a família é o que a
faz esmorecer.
E também sobre o filho atormentado,
Pelo meio social em que foi gerado,
Um filho carente de amor e de afeto
dos pais.
Um filho que nega o seu lar e sua
família,
Que dentro de casa é apenas uma
mobília,
E que simplesmente cansou e não
aguenta mais.
O menino que percebe que o mundo em
que vive não é dele,
Que sente a amargura dentro da
própria pele,
E sabe que não vai durar muito tempo
na sociedade.
Descobre que sua mãe é presa pelo
laço de sangue familiar,
Que seu pai só trabalha por que tem
que lhe sustentar,
E se sente o peso morto da sua
própria imaturidade.
Então ele se mata, a mãe se descobre
e o pai vai embora,
Erguem um grande túmulo de granito
para a sua memória,
E tudo parece fazer bem mais sentido
com o efeito.
Mas parei para pensar, e isso não me
parece direito,
Três Outubros em um mês é tão
patético!
By: Vinicius Osterer
Feito em 24 de setembro de 2016.
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