Obituário
Sente-se em uma cadeira vazia,
preciso falar com você.
Apague a luz e vê se não vira a cara
enquanto eu falo.
Abaixe o volume do rádio e desligue
essa TV,
Com tanto barulho eu apenas me
atrapalho.
Quero ser limpo, e justo com você
pela primeira vez,
Há muito de mim por aí, e também por
aqui neste momento.
Não me interesso pelo que você foi ou
pelo que fez,
Mas não brinque nunca mais com o meu
sentimento.
Me alcance aquela arma que você
guarda no armário,
Preciso daquela cartela inteira do
seu remédio controlado,
Eu quero meu nome brilhante na sessão
do obituário,
Por que eu sou um homem bruto e muito
amargurado.
Eu não quero mais a sua opinião de
baixo escalão,
Dizendo o que é que eu devo fazer,
como devo me comportar,
Se eu preciso viver pelo seu sim ou
pelo seu não,
Eu nunca vou aprender a me amar e me
valorizar,
E eu sou muito mais do que o seu
corpo nu no escuro,
E muito mais do que o escape da sua
vida tediosa,
Eu não sou uma massa acéfala, não me
chame de burro,
Eu sou uma máquina de escrever
muitíssimo poderosa.
Eu não quero levar nada. Quero que
fique com as coisas dadas.
Quero que fique com o amor que eu
também lhe dei.
Não posso fazer nada para alguém que
mantém as mãos amarradas,
E não é a primeira vez que eu lhe
avisei.
E não terá outra vez, por que desta
vez acabou,
Desta vez não existe mais eu e você,
não abra a boca para falar.
Acho que na verdade você nunca me
amou,
Eu que fui muito estúpido em
acreditar que podia lhe amar.
Então era isso. O que você sugere que
eu faça?
Pegar a arma ou pegar os remédios que
fazem você dormir?
Eu lhe avisei que isso aconteceria
sem lhe fazer ameaça,
Está na hora de alguém tomar uma
iniciativa e decidir.
E você quer saber do que mais? Eu
nunca precisei de nada assim.
Eu não me mataria por alguém que nem
sabe o que quer da vida.
E pode sair agora daqui e ir viver
bem longe de mim,
Por que você não merece as páginas
que escrevi sem cor definida,
Não foi você que perdeu, fui eu que
sai ganhando...
By: Vinicius Osterer
Feito em 10 de setembro de 2016.
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