"EU" Lírico

Sensível. Aflorado. Florescido. Enalteça!
Amor que se desloca dentro da cabeça...
Nos contornos de onde existo e você não é.
O que não pode mais ser mudado,
Um sentimento velado e enterrado,
Quando foi que você virou uma viada lírica?

Estava escuro e eu em hipnose repetindo:
- Cadê você? Eu não estou lhe ouvindo!...
E rodava na ponta dos pés já calejados,
Por todos que nunca foram e não serão amados,
Pela remissão de todos os pecados,
Crucificado em um pé de Cerejeira.
Na sombra de araucárias, cor vermelha,
Perdido dentro do peito e do espaço,
- Mulher de pouca fé, o que é que eu faço?
- Catarse meu filho, catarse – ruí por dentro.

Na tarde, sem nenhum grande sucesso,
Voltei a praticar o sentido reverso,
Tentando desmontar e fabricar a imagem
O som e toda a minha paisagem,
Que não anulasse os meus outros sentidos.
O vermelho com gosto de decepção,
O azul com um punhado de imensidão
Tão escura que lembra uma sopa.
O amarelo querendo gritar,
O verde não mais querendo amar,
E os meus olhos ficando tão míopes...
Me diziam: - Não veja todo o processo!

E eu caí em retrocesso?
Expirando, expirando, espiralado,
Onde é que está o culpado?
Me dê um tiro sobre a testa
Porque acabei como naquela festa
Em que sentei e fiquei magoado.
Amor amado, amor amando,
O que não era para ser velado,
Acabou acontecendo e me arruinando.

Parado! Nem mais um passo...
Pegue ele e coloque na cadeira.
Amarre bem para não soltar o laço,
Ele sempre acaba cometendo uma besteira!
Me passa essa arma, adeus filho da...
Um cão raivoso passou a escrever deste lado.
Com pedras e paus, seu filho da...
Abstração no sentido figurado...
Enterrem o cadáver com flores e versos,
Enterrem o cadáver com o amor do mundo.
(BANG) O homem que fui está morto.

O homem que eu seria estava lá.
Sem tinta nos cabelos, de pé e parado.
Do lado da cova do Homem Amor enterrado.
Talvez seria um Homem Rubi?
Olhando para a lua atrás da montanha,
Uma montanha com pastilhas de um branco,
E ficou olhando de cima à baixo, ouvindo o canto
Do fim do que o “Homem Amor” seria.
Será que depois daquilo choveria?
Foi um tiro no peito? Poesia de sobressalto,
Configurando-se em 1,2,3...

AS COISAS QUE DIZEM SAÍRAM DA MINHA BOCA,
A VIADA LÍRICA, MELODRAMÁTICA E LOUCA.
Repleta de enganos, mergulhada na brisa marinha.
Então peguei três ovos e deixei a coisa solta,
Saboreando o meu omelete de palavras na cozinha.
- Tio Vini, você sabe onde está o sol?
- Mas é noite, não tem sol Maria!
- Não é isso, Tio Vini!
O sol era o codinome do amor.
Os meus olhos não são como cachoeiras?
Estupro Coletivo.

O verso tinha gosto de bala de uva,
E de um vento de Junho redondo.
E a asma que eu já fui,
Me sufocando...

Então o homem que sou escreveu:
- Sim. Uma bala na sua testa
  Como um vibrador de plástico
  Enfiado no cu daquele miserável.
  Em um momento prático
  Você é meu desuso memorável.
  Você não é um acaso.
  Me joguei no tão profundo,
  Por alguém que era tão raso.
  Floresci com cravos e margaridas
  Criando outras barreiras.

A VIADA LÍRICA, MELODRAMÁTICA E LOUCA.
O verso tinha gosto da sua ejaculação precoce,
Da minha cueca box vermelha listrada,
E da lembrança repulsiva da catarse mental.
Descanse em paz, sua piranha,
A Viada Lírica chegou.

By: Vinicius Osterer
Feito em Agosto, Setembro e 28 de Dezembro de 2017.

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