Roda dos Renascimentos

Já fui um cristão e um filho,
Já fui um homem sem mal,
Já fui inocente e menino,
Já pareci até ser bem legal...
Já fui o homem amado,
E aquele que parecia ter futuro,
E também já fui o pecado,
E o medo que tinha do escuro.
Já fui o evangelho e a água tofana,
Já fui um garoto que mijava na cama,
E já bebi tantas vezes para esquecer da vida,
Já tentei me matar como uma saída.
E acordei todos os dias renascido,
Aprendi a não ficar mais ressentido,
Por que não sou o melhor, e nem quero,
Sou um pedaço de universo e mistério.

Girando como um caleidoscópio dourado,
Caindo dentro da minha mente quebrada.
Eu preciso ser um homem restaurado,
Escrevendo sobre tudo e também nada?
Estou nas coisas simples que não enxergava,
Já fui uma linguagem simbólica incompreendida.
E aquele amor que sempre aumentava,
Acabou me deixando uma pessoa fodida
Por todos os poros possíveis,
Dentro de todas as crateras lunares,
Com todos os sabores comíveis,
E por todos os piores lugares.

Então parei. Pensei. Comecei a ser a simplicidade.
Escrever com grandeza ás vezes não exige precisão.
E para alguém que tem a minha idade,
Tentar compreender não é uma boa opção.
Sempre pensei na roda dos renascimentos,
Como uma grande roda circular de madeira,
Girando, soprada pelos inúmeros ventos,
Que arrastam misérias espalhando cegueira:
Tapando a visão para você descobrir por si próprio.

Eu sou uma silhueta escura de uma taça de vinho,
Com meu amor do lado, mas me sentindo sozinho...
Por que os olhos dele são apenas solidão...
Renascido dentro da minha decadência e escuridão,
Amor é bom. Amar é o segredo. Quando mútuo e com verdade,
Levante daqui e não seja covarde,
Por que ter medo? Você não está sozinho na humanidade!
Levante a voz e grite alto: você é melhor, seja bom consigo...
Não aprenda da pior forma comigo,
Vamos reavivar a literatura sobriamente intelectual?
Simplicidade é o meu mal?
Já fui tantas coisas e hoje coloco isso,
Eu como isso no almoço,
Eu insiro isso dentro do meu peito,
Dentro das minhas descobertas.
Palavras desmembradas e encobertas,
Não condizem com a minha restauração.
Fragmentando toda esta oração,
Quem sabe eu ressuscite como Jesus Cristo:
“E ecoavam sinos na catedral mental,
Cantando a canção do por que tu me deste a vida!
E fui cicatrizando meu ferimento mortal,
Costurando as versões da poesia já lida”,
Todas as versões daquilo que eu já fui...
E voltei a ser de matéria viva.

By: Vinicius Osterer
Feito 22 de abril de 2017.

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