Papaloko


Toco a harpa de palavras em sinfonia:

Crescendo como árvore torta,

Raízes velhas em desarmonia,

Repleta de húmus de ideia morta.

Rotundas caliciformes, tumorais, em tronco,

Partilhado, quebrado, enraizado, melancólico.

Assombrado assombro o velho discurso assombroso:

"Significar a palavra que tem um significado".

Violinos em borboletas monarcas,

Coelhos disfêmicos azulados, 

Correndo e repetindo o eco do umbral dos campos.

Ergo imensidão de galhos, rompendo cantos:

Silencio a fala, pois sou o mistério.

Venho depois, pois agora não é mais agora,

O vento anuncia o tempo deposto.

Conta-gotas, mudo o gosto...

Enveneno córregos, cachoeiras, subsolo -

Mariposas bailarinas, então degolo:

- Grita que sou assassino! Assumo e me redimo! 

Tocam sinos, batem pedras, pisam em cogumelos -

Desejo símbolos carregados de duelos!

Erguem espadas, tricotam teias,

Vespas amargas, aranhas cheias -

de filhotes, cânceres e dores,

partos espinhais e cores!

Misturo argila, água, clorofila,

Conduzo o rastro de animais selvagens:

Débeis, rompendo a pupila,

Construindo palavras e imagens...


By: Vinicius Osterer

Feito em 12 de Janeiro de 2023

Francisco Beltrão, Paraná.

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