Vou lhe publicar!

Sim, este sou eu!

Me deparei com isto: “se você tiver poesias, irei lhe editar e publicar em uma editora comercial”, não o chamei inbox. Seriamente, quem é que faz um trabalho desses de graça? E por que eu mandaria algum trabalho meu para alguém que sei lá o que faria com ele? Já li muitos casos de apropriação intelectual e fico receoso de mandar para terceiros minha obra. No nosso país se escreve tanto e se publica infinitamente menos.
E não é tão fácil assim desenvolver ideias em um contexto geral para algum livro. Pelo menos não para mim, com algumas ressalvas. Poesia se sente aos poucos. Ela vem de uma frase, de um pensamento e de repente está em várias rimas, várias palavras, vários temas dentro de um tema, que formam um livro. Pelo menos sempre foi assim comigo. Meus primeiros livros, que foram desabafos, são os únicos sem roteiro. Lembro de estar escrevendo “O Senhor da Madrugada”, e testando pela primeira vez na minha vida, escrever sobre um mesmo tema: a morte. Foram várias histórias sobre morte, com personagens frios, coisas estranhas que habitavam a minha cabeça de 17/18 anos.
Depois da morte, quis mais roteiros, mais histórias que fossem minhas e ao mesmo tempo universais. Caí no narcisismo no livro “Eu Me Quero com Sal”, e na loucura extrema de não ser mais eu mesmo no “Diabo Vespertino e a Loucura”, mas foi com “Arte Sedução” que assumi o papel de Maverick, um assassino profissional que matava pela escrita. Acho que foi ali, a primeira vez que pensei que não fosse realmente sobre mim, mas sobre a arte da poesia.
Com “Autores Renegados” quis exaltar este lado de pessoas que como eu, olham notícias como as citadas, com brilhos nos olhos: “Alguém quer me publicar!”, mas não é bem assim. Quantos foram engrandecidos depois de mortos? Isso pesa um pouco dentro da própria vida... Viver para nada, e muitos são renegados. Quem sabe não serei mais um desses?
Minha primeira grande superação veio com “TERAPIA”, um livro escrito por várias partes de um mesmo personagem, onde ao mesmo tempo em que Sebastien Cavendish escreve seus desabafos poéticos, ele deve encarar seu terapeuta, o terapeuta do terapeuta e por fim eu mesmo como escritor. Isso tudo mesclando poesia e teatro sobre a perspectiva de minha própria terapia e loucura, que é escrever.
Quando o alter ego morre no livro TERAPIA, eis que este escritor embarca para uma aventura perigosa por seu passado. Vem o livro “O Arcano 21”, que dentro dos arcanos é o arcano do mundo. E foi indo para o mundo que descobri o meu mundo interno. Aquele mundo que evitamos ouvir ou pensar, um mundo significativo de muita dor, muita alegria e libertação. E fui livre para poder escrever sobre tudo aquilo que não queria aceitar: minhas limitações, traumas, desejos e opções. Considero este livro um divisor de águas. Foi nele que senti que a literatura não poderia estar à parte na minha vida. E com ele editei todos os livros anteriores, e comecei a planejar algum futuro, sobre o que gostaria de escrever e ser como homem escritor e homem homem.
O livro “O Homem Ilusão” é o meio termo daquilo que me transformei. Alguém cheio de sonhos, impossibilitado de os realizar. Um homem que aprendeu seu dever social, um homem que aprendeu a se chamar de homem e não mais de menino e garoto. 
“Amor Amado Amor Amando” é sobre amor, é sobre amar sem ser amado, é sobre aquela coisa leve que me tornei, sobre aquele homem receptivo a qualquer sentimento da vida, independente se bom ou ruim. Foi tanto amor que acabei me afundando dentro da literatura nacional, lendo grandes poetas que me marcaram profundamente como pessoa e transformaram minha maneira de encarar a escrita.
E vos digo agora, que meu próximo livro de poesias, que venho trabalhando desde o começo do ano, é um pouco disso tudo: um homem fragmentado, um homem com um objetivo social, um homem tentando se introduzir na sociedade, dentro da sua própria vida. Esse homem continua cheio de ilusões e sonhos, mas agora ele tem muitos motivos para não parar de fabricar alternativas e conquistas. Vou me desnudar por completo, quero tentar ser mais universal. Por que a poesia me deu a vida, e esta vida tem que valer a pena.
Depois disso, ainda acha que mandaria minhas obras para qualquer um?

Vinicius Osterer, 31 de Março de 2017.

Comentários

  1. Depois disso, só me resta dizer que deu mais vontade ainda de te ler, tuas obras estão disponíveis só no clube de autores mesmo?

    Beijos, Vinicius!

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    Respostas
    1. Oi, infelizmente ainda só lá... Este ano vou mandar para algumas editoras, para baratear porque sob demanda acaba ficando muito cara... Posso lhe mandar algum em PDF se lhe interessar :D

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    2. Você tem meu e-mail, fique à vontade! Lerei com todo o prazer ;)

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    3. Gostaria de lhe mandar meu romance, mas este ainda não posso, por causa do concurso... Mas fico agradecido por todas as suas palavras! :D

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    4. Foi a melhor mensagem que recebi hoje, obrigada, Vinicius. Olhei rapidamente, pois no momento não estou em condições de ler, mas prometo que logo mais te dou um retorno.

      Beijos!

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