Cruzei a Ponte

Estou morando nas ruas,
Nos olhos cegos do governo,
Que cheio de pressupostos e desculpas,
Defende apenas o seu quinhão.
E eu estou nas palavras tuas,
Ditas com muito empenho,
Quando não se vendem como putas,
Pois tem sonhos no coração.
Eu posso ser trolho, não ser lembrado,
Nasci na miséria de não ser aclamado,
Sem um sobrenome na vida.
Não sou escritor, sou desempregado,
Filho de um pai que não é registrado,
Da classe trabalhadora e vendida.
Me visto estranho, tenho tatuagem,
Sou filho da minha própria imagem,
E eu não posso ser um chaveirinho.
Não posso enfeitar suas chaves prateadas,
Ou acreditar nas palavras enganadas.
Por que eu não sou mais um menininho.
Tenho calos nas mãos? Sou operário?
Eu só tenho o dinheiro do meu salário,
E não tenho gosto algum pela minha profissão.
Tenho um combate e luto por uma causa,
O governo me dá tanta náusea,
E eu não tenho nenhuma obrigação.
Até tenho que pagar os impostos,
Fazer as coisas que eu não gosto,
Se alistar no exército e escolher alguém para governar,
Por que sou obrigado a votar?
Acho que para mudar toda a situação.
Governo não é só corrupção,
Governo também é representação popular,
Por que o gigante acabou de acordar?
Ele estava dormindo?
O que você acabou descobrindo?
O sul também é América!
Peito em fogo, isso é um fato!
Não faço barreiras, não ergo nenhum muro,
Por que isso não me deixará mais seguro,
Eu prefiro construir pontes.
Amar a todos, deixar cruzar os horizontes,
Pois poesia e nação se fazem com amor e não com desprezo,
Eu tenho que considerar a hipótese de ficar preso?
O mundo é um lugar sem fronteiras.
E não é uma parede que irá bloquear meu sonho.
Latino americano com muito amor,
E filho de uma geração que nunca morre.
Dentro da escrita eu não preciso de passaporte,
Você não pode regular o que eu penso.
Amar em um mundo que sempre está suspenso,
Fabrique pontes nas suas orações...
Eu não me importo com suas devoções,
Eu quero igualdade de mãos dadas,
As minorias esclarecidas e aperfeiçoadas,
Por que eu grito, mas sei baixar o tom da minha voz.
Cultura ferrenha, selvagem e feroz,
O mundo não gira em um único sentido.
Latino americano com muito amor envolvido,
Latino americano com muito amor, obrigado.

By: Vinicius Osterer
Feito em 12 de fevereiro de 2017.

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