Tempos Modernos

Na severidade dos tempos modernos,
Os homens triangulares e seus ternos,
Riscados com giz, costurados com ouro,
Marcados pelo poder, como brasa no couro.
Na severidade dos tempos modernos,
Os homens redondos com seus infernos,
Levados em fileira até a beira do abismo,
Hábitos sombrios que beiram ao cinismo,
Hábitos sutis dos tempos modernos.
E todas aquelas luzes, que acendiam na cidade.
E aquele gosto de vodca barata,
De sentimento barato,
De coisa que não presta?
Todos os homens que tem a minha idade,
Estão com mesa farta,
Enchendo o seu prato,
Escrever é o que me resta...
Superar este fato é superar a mim mesmo.
E superar a mim mesmo está acima das expectativas.
Não posso superar a minha própria existência.
Riscado com giz, como um corpo morto no chão,
Cenário de um crime dos tempos modernos.
Alguém pulou daquele prédio em construção!
Os homens redondos com seus infernos!
Preencheu o asfalto com uma decepção,
E um punhado de carnes sem significado,
Quem sabe pediu e estendeu a mão,
Mas ninguém o ajudou a superar este fardo.
Com todos os documentos e o salário no bolso de trás,
“Tire a mão daí rapaz!”
“Larga que isso não é seu, é do morto!”
E o morto vivo não conseguiu roubar para comer,
Por que roubar para comer ainda é crime,
Ainda é crime roubar para comer e não morrer,
E morrer passou a ser um crime hediondo.
O homem que se jogou é redondo,
Não é triangular e severo,
Da política da mão de ferro,
Era um operário desacorçoado,
Dentro de casa? Que casa? Morava de aluguel,
Vivia levando sua miséria cada vez mais periférica,
Longe da máquina da cidade e da civilização.
O ser humano é a própria máquina da destruição,
Na severidade dos tempos modernos.
Eu sou o Tarzan batendo no meu peito,
Tentando fugir desta selva de arrogância,
Desviar do trânsito de ganância,
Só quero ter uma casa barata, um salário, o que comer,
Pensar em política? Sim, desligar a minha TV,
E voltar a me alienar dentro de todo este sistema.
Na severidade dos tempos modernos,
Os homens triangulares e seus ternos,
Riscados com giz, costurados com ouro,
Marcados pelo poder, como brasa no couro,
“Que vá para a puta que o pariu!”
Tempos modernos, aqui no Brasil?
Aqui é só corrupção!
Modernidade é coisa de primeiro mundo.
Será?

By: Vinicius Osterer
Feito em 24 de Fevereiro de 2017.

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