Homem, 23 Anos

Homem 23 eu lhe matei. Lhe guardei na floresta da memória.
Você foi para mim o melhor dia de glória,
Não precisei acreditar que isso fosse verdade.
Homem 23 eu também sou um garoto,
Que deita na cama com o fone no ouvido e sonha.
Que olha para o teto e imagina o futuro distante,
A vida dentro de um desejo colorido e brilhante,
Que aparece com os meus olhos fechados.
E eu também sou a criança sem a carga de pecados,
O menino inventivo, o menino loiro e solitário,
Que tem no pescoço o seu escapulário,
E fica pulando de piso em piso, não pisando nos escuros,
Correndo e pulando em todos os muros,
Deitado na grama contando estrelas.
Acenda uma vela para seu anjo da guarda,
Esqueça um pouco os problemas, esvazie a cabeça.
Você não precisa mais ter razão de nada,
Você precisa de paz antes que enlouqueça,
Coisa da sua cabeça! É coisa da sua cabeça!
Homem. Eu sou um homem.
E sou a consequência daqueles meus atos.
Enquanto as pessoas no mundo dormem,
Eu faço minha janta e lavo os meus pratos.
Isso nem é poesia, é mais um dos meus relatos.
Homem 23 eu lhe matei.

Espero que não abandone meu espaço.
Estou dando um tempo para colocar as coisas no lugar.
Me entregar é complicado, está faltando um pedaço,
É difícil para mim ter que me reinventar.
Floresta mental da memória.

Preciso pular nos pisos claros,
Sonhar acordado com espinha de novo no rosto.
Não quero mais a fumaça dos cigarros,
E aquela cerveja que para mim não tem gosto.
Vou dar algum sentido para a minha existência,
Homem 23, um pouco mais de paciência,
O mundo ainda nunca parou de girar.

Preciso parar de comer porcaria,
E voltar a tomar meu remédio para depressão e ansiedade.
Não preciso trocar a noite pelo dia,
E nem mesmo beber todo dia e só fazer o que me dar vontade.
Tenho que dar um tempo e me desligar,
Olhar o pôr do sol sem me propor à pensar,
Sobre mim, sobre você, sobre o mundo, sobre tudo.

Duas e vinte da manhã e eu estou nessa.
Com a luz da cozinha apagada, meu gato do lado.
Com a vela queimando sem pressa,
Deixando o meu caderno mais iluminado.
Te amei. Eu tenho palavras que nem lembro que escrevi.
São anos e mais anos em que eu sempre sofri,
E preciso dar um tempo. Preciso não pensar em nada,
Ser bem menos a pessoa que parece tão inspirada,
E só sente no peito um punhado tão grande de coisas.

Floresta mental da memória.
Homem 23 você mudou a minha vida.
Não desista tão cedo assim de mim.
Espere... Me dê uma segunda chance,
Respirar um novo ar de relance,
Irá clarear um pouco mais as coisas.
Não quero que seja mais sobre mim.
Nem sobre você.
Nem sobre o mundo.
Nem sobre nada.
Espere...
É difícil para mim ter que me reinventar.
Não me abandone.

By: Vinicius Osterer
Feito em 23 de novembro de 2016.

Comentários

  1. Olá, Vinicius, como está?
    Esses últimos escritos retomando o Homem 23 farão parte de algum livro/coletânea também?
    Beijos e tenha um ótimo dia!

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    1. Oi! Todos meus escritos até o mês de Outubro viraram meu 10° livro de poesia intitulado "Amor Amando, Amor Amado"está no site do clube dos autores, não sei se conhece. Os escritos deste mês e os que ainda vierem não sei... Nem sei exatamente quando começo a escrever... Só vou precisar deste tempo do fim de ano para não sentir mais tudo isso. Se não vou pirar e isso ás vezes pesa e me faz mal, parece que perco a noção e sinto um imenso aperto no peito. Não vou conseguir não escrever, por Janeiro estou de volta. Mas muito obrigado mesmo, seus comentários este ano me motivaram a não desistir tão cedo assim dos meus sonhos literários! Cheguei a desengavetar meu primeiro romance, vou acaba-lo e lutar por ele em 2017. Obrigado msm! Para vc um ótimo dia tbm!!! :D Que Nossos Setembros nunca padeçam!!!

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    2. Oi, que legal, você já tem tudo isso publicado! Queria muito ter a oportunidade de ler nem que fosse um trechinho do seu romance.
      Às vezes precisamos de uma pausa mesmo, só não pire, por favor, te quero bem haha
      Obrigada pelas palavras, beijos ;)

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    3. " [...]E foram assim aqueles dias em que eu pensei que as coisas passariam. Mas, eu não podia fazer nada sem pensar naquele Valentim dos melhores dias. O Valentim que me fazia pela primeira vez submissa aos meus próprios sentimentos. Olhando as pessoas pelos meus óculos escuros, eu sentia que aquilo nunca acabaria. Como fazer com que a presença daquele homem sumisse de meu corpo e do meu coração? Todo sorriso que ele trazia para a minha memória, e o horóscopo da manhã em que eu passava os olhos pelo signo de peixe (sim, justo eu comecei a acreditar em horóscopo), e aquele jeito como ele fazia as coisas parecerem mais simples, menos complexas e mais ajeitadas? Não era assim tão fácil apagar aquilo tudo.
      Dentro de mim, o Brasil fazia passeata com faixas e cartazes, pelo fim dos sentimentos corruptos e avassaladores. Das janelas das sacadas podiam ser ouvidos os barulhos das panelas contra o preconceito e o julgamento do que é diferente, do que é contrário, do que não pode ser assim tão certo. E existiam muitas mulheres e homens na rua, pessoas humanas e sem gêneros, coloridos com sentimentos libertários, com o coração na mão. E as crianças com sorvetes, os meninos que desfilavam na passarela de salto alto e as meninas que jogavam bola no campinho de terra improvisado com chuteiras.
      Dentro de mim, o mundo passou a ser aquele tanto tão grande de amor, foi aquele abraço apertado de uma mãe e de um pai, o sentimento de segurança de um pai e de outro pai, aquela família tão bonita feita de uma mãe e uma mãe. Então não me contive, e dentro de mim eu gritei. E o mundo todo parou naquele exato momento. E consegui ouvir de longe outros gritos iguais ao meu. O mundo inteiro renasceu. Estava começando um novo ciclo de fases. Meus pés foram então, até onde já deveriam ter ido. [...]" Não é grande coisa, mas estou dando uma melhorada... Muito Obrigado! :D

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    4. Nossa, muito obrigada ;) me senti lendo um poema seu, apesar de ser uma narrativa. Você escreve muito bem!
      E está escrevendo sob a perspectiva de uma mulher? Isso é novo pra mim, pois sempre imagino que é algum dos Vinicius escrevendo por aqui.

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    5. Obrigado... Estou me arriscando pelo mundo da narrativa... Na verdade esta parte é sob a ótima da Valkíria, personagem principal. Mas tem também a de Valentim, outro personagem principal pois o predador sexual (nome do livro) é ele. Apesar do nome é mais sobre amor do que sobre sexo. Fico grato e acho que tem vários "Vinicius" inserido neste livro e aqui no Blog. :D

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    6. Só me resta te desejar sucesso!
      Beijos e tenha um bom fim de semana :)

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    7. Obrigado e para vc tbm!!!
      *Observação: ótica e não ótima!
      :D

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  2. (opa, nem tinha reparado, acho que li ótica mesmo sem querer haha e desculpa por fazer da sua postagem um chat!) :*

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    1. Que isso!!! :D hushusuuhsuhus Eu que agradeço pelos comentários :)

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    2. Oi K. Tudo bem? Pois bem..
      Estava lendo o seu blog. Tentei lhe contactar mas você cria barreiras...
      Não sei se vai ver esse comentário, ou coisa assim... Mas não desapareça!
      As pessoas acham que a arrogância que elas possuem é o mesmo que saber sobre tudo. Mas sabe, quem acha que somos poucas coisas e nos transformam em quase nada, não merecem nosso tempo, nossa presença e muito menos fazer parte de nossas vidas.
      Não desista de você! Você é alguém verdadeira, tanto em prosa quanto em vida real...
      Exista para as pessoas certas!

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    3. Olá, Vinicius, como está?
      Obrigada pelas palavras. Só aconteceram umas coisas ruins simultaneamente e eu não estava bem o suficiente pra lidar com isso. Mas acho mesmo que vou me afastar do meu blog pelo menos por enquanto porque tá bem complicado pra mim... De qualquer maneira, estarei sempre por aqui, mesmo que não me manifeste.
      Ah, há uma página com um formulário de contato caso queria deixar algumas palavras.
      Beijos

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    4. Espero q tudo melhore.. Estou lhe desejando tudo de bom e muita positividade!! É bom precisar de algum tempo... Ele faz bem as coisas... Boa Semana e Felicidades!! Agora sei onde lhe procurar :D

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    5. Obrigada por tudo, Vinicius.
      Eu te desejo o mesmo em dobro, tenha uma boa semana!

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  3. Olá.

    É a primeira vez que venho aqui e, aparentemente, este poema está conectado a outros escritos seus, é isso?

    Porque, de certa forma, acabei interpretando como se fosse um homem se sentindo "perdido" ao completar 24 anos, matando o homem de 23. Ele fica remoendo as memórias e fala sobre se reinventar, mas não está pronto pra isso.

    Sei lá se é isso ou se eu tô loca, mas gostei do poema e da minha interpretação dele, embora talvez não seja exatamente isso.

    Beijinhos.

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    1. Oi!!! Obrigado pela visita Mary!

      Acredito que tem alguma conexão. É o resultado final de uma sequência de ciclos que tive por alguns meses.

      Parabéns pela interpretação... A unica coisa é que este homem 23 ainda é 23. Mas, quer matar a si mesmo para dar origem à outro 23 mais forte, que possa ser um homem 24 de verdade.

      Muito obrigado pelo comentário... E volte sempre!
      Fico muito feliz por sua interpretação!!! :D
      :D

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