O Homem Que Eu Visto

Hoje me deparei com um pequeno desabafo escrito em um desses aplicativos de celular, que são bem úteis quando se precisa socar a cara de alguém, matar alguém ou atirar alguém na frente de um carro. Antes cometer um crime escrito e sem premeditação, do que um crime verdadeiro e acabar atrás das grades.
Este desabafo continha palavras que me motivaram a pensar o tipo de homem que eu visto. Qual é o homem que eu escolho todas as manhãs antes de sair para trabalhar?
Às vezes este homem é tão motivado, que me motiva a fazer mais e mais coisas que nem cogitaria serem possíveis. Em outras tantas vezes é tão ameno, que não se firma nem sobre as suas próprias pernas. Outras vezes tímido e solitário. Mas este é o homem que eu visto?
Sugiro que por ser inverno eu vista blusas, vista casacos, coloque quem dirá duas calçadas, para não passar frio logo pela manhã. Mas o homem que eu visto é um homem receptivo, um homem maior do que um jeans de R$400,00 ou uma blusa normal e preta de um salário mínimo e meio. Pois o que me torna homem são minhas atitudes e não a roupa que eu visto.
Uma roupa não consegue esconder um caráter defeituoso. Mesmo que esta não seja propriamente dita, a verdade que está em voga. Quanto consumismo apenas para se sentir melhor e apaziguar um pouco aquela diferença mental que eu coloco sobre mim mesmo, menosprezando o que eu sou, o que eu faço e o que eu quero, para idolatrar aquilo que todos querem, todos são e que todos fazem. Que lástima! E se eu me visto como um homem crescido?
Sim, eu acho que em muitos dias eu me visto. Não nego que sou jovem e tenho os meus momentos de fraqueza, sou ainda impulsivo, não me veio a paciência e a sagacidade dos anos. Mas, sei que ser homem crescido é deixar de achar que o mundo gira ao nosso redor e passar a fazer parte do mundo, não sendo mais um, mas parte integrante do todo.
Roupas se gastam com o tempo, saem de moda, tornam-se ultrapassadas e gastas. A verdadeira vontade nunca é ultrapassada. E isso é o que preenche o meu vazio existencial. Não um punhado de elogios dos quais assim como as roupas, são passageiras, se gastam e acabam virando nada. Estou vestindo um homem que é realizado. Um homem feliz, um homem melhor, um homem capaz de fazer o impossível. E como o impossível é só questão de opinião! Mas não digo para você não se vestir bem.
 Coloque sim a sua melhor roupa, mas não deixe de ter um melhor lado. Uma roupa esconde um corpo, mas não consegue mascarar más intenções. E desculpe-me a franqueza, mas acho que de nada adianta uma roupa cara se a sua percepção nunca muda. Bom, aquele desabafo do início tinha muito a ver com isto. E esta percepção de que eu sou um homem vestido e sem pudores, me faz ler isso que estava escrito:

“Primeiro e antes de tudo, quero deixar bem claro, que não me importo se você faz isso ou aquilo, se é melhor ou não é, se você gosta ou não gosta, mas não me venha com a frase: espero que dê tudo certo, quando você mesmo já sabe o que acontece no final. Que bom que as coisas dão certo para você”.
Que tipo de homem se orgulha de vestir uma roupa paga em mil prestações e se vangloria por um trabalho ainda não realizado? Como pode encher a sua boca para dizer que é melhor, quando não se sabe nem ao certo qual é o ponto de referência que utiliza? Melhor. Se eu disser que sou melhor do que aquele que não escreve, por lógica poderia ter razão. Mas quem garante cientificamente que eu sou? E quem tem o direito de dizer que é melhor naquilo que faz? Somos pequenos, e dentro de nossa pequenez somos muito pouco.  Que bom que as coisas dão certo para você (no fim as coisas não deram certo para ele).

“Mas não quero mais frases do tipo “susse”  ou de boa quando isto não está. E muito menos coisas sobre inveja ou que alguém irá gorar”.

Se isso tem cabimento. Ainda me irrito com a expressão “susse” (e não é que pesquisando na internet descobri que é derivado de sossegado) ou de boa. Eu visto pela manhã um homem que se irrita sim com pormenores como estes. E este homem eu visto todos os dias. Não consigo acreditar que uma roupa de marca queira falsificar o seu valor. É isso que eu precisava falar. E sobre a inveja? Meu Jesus, misericórdia.
Eu acordo todos os dias como um homem crescido que sou. Eu distraidamente falo coisas que às vezes não fazem sentido algum. Crio coisas que ás vezes é insignificante, mas em outras que até que dão para o gasto. Mas me chamar de invejoso...
Gorar o que? O homem que você insiste em dizer que não é ultrapassado? As ideias que você concebe? Poupe-me. Isto nem deveria relutar e virar o que virou. Por que hoje eu tenho uma convicção. De que investi o meu melhor lucro, a minha melhor força de vontade para vestir um homem crescido e não um garotinho piegas que se ilude com tão pouco. E redigo e deixo aqui escrito, aquilo que faz parte do desabafo já citado:

 “Melhor crescer projeto de homem, melhor crescer projeto de gente. Estou sendo arrogante por que estou farto de ter que aguentar esses deboches e desaforos. Deixe-me seguir e viver a minha vida. Até quando alguém ainda vai lamber o seu saco? Você vive disso. E isso uma hora acaba”.

Sim. Isso uma hora acaba. O homem que eu visto não tem mais nem tempo para isto. Por que o homem que eu visto é um novo homem, que não está em vigor na moda.

Feito em 12 de julho de 2015.
By: Vinicius Osterer.

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