Que Horas "É"?

Enchiam-me com tudo!

Delegam a mim uma sabedoria – nova – que não tenho.

Perguntam, colocam, enchem:

Esvaziam. Dava-lhes tudo – de novo – que não tinha.

Apressado corria para ver o relógio:

Meu coração apertado perguntando:

- Que horas “é”?

Não era hora, era minutos.

Voltava enchido da prestação de tempo,

Colaborando com o tempo,

Girando os ponteiros do meu relógio.

Enchia a folha, partia o peito:

Dois era pouco. E só queria dois.

Dois para as três, cinco, vinte e duas...

Duas de dois que fossem um, pra cama

Pro café

Pra vida

Pro relógio...

Que não parava.

Tinha medo de amar?

Tinha medo de não ser amado,

Compreensível

Machucado.

Delegavam arte, sabedoria, enchiam

Como um balão que não poderia estourar,

Um balão em formato de peito-coração.

Então, enchiam-no, amarravam-no:

Era o dia da piñata mexicana –

E golpeavam para esvaziar,

Golpeavam para ter

Golpeavam e sacudiam até sair:

O último dos sentimentos e versos.

Era o destino final do peregrino,

Que perpetuava sua imensidão procurando fuga.

Fugindo, inflava meu peito de ilusão,

E esvaziava com a mesma confusão

De minutos que não eram horas cheias:

O sangue correndo em minhas veias,

E eu perguntando pro tempo:

- Que horas “é”?

 

By: Vinicius Osterer

Feito em 02 de Abril de 2021

Francisco Beltrão, Paraná.


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