Eu puxei uma cadeira e sentei

perto da janela para ver o pôr do sol.

Pareço as vezes o louco que fica parado nas janelas,

todas direcionadas para o oeste de onde existo.

Estão em uma fileira de três unidades,

construídas muito tempo atrás,

ainda bem antes de me considerar um

 

ser humano existente.

 

Eu acho que sou existente,

mesmo tendo pouca massa física e palpável.

Foi difícil ser palpável e real.

Acho que vim com muita antimatéria,

massa escura, que me sugava

para dentro de mim,

me deixando cada vez mais introspectivo e calado.

 

Ao que consta,

tenho características físicas e biológicas que o comprovam:

 

ser humano existente.

 

Mas não me basta ser apenas físico e biológico,

porque eu sou também um fator mental.

Meu mundo compreende aquilo que guardo

dentro da minha cabeça:

um bocado bem grande de dúvidas

e uma pequena quantidade de merda –

que não serve para coisa alguma!

E pensando aqui,

deduzi tudo isso pela influência do sol

da minha janela que me preenche de razão

e consciência – que penso ser minha.

E não é que tudo isso cabe dentro da minha cabeça!?

 

E hoje pela primeira vez

eu vi o mundo da minha janela.

Desejei abrir e enxergar mais longe,

indo para onde nem sequer sei que existo.

E se existo?

Depende dos dias.

Algumas vezes construo coisas sólidas,

em outras gosto de vê-las ruir,

virar o que sempre foram,

um grande punhado de nada.

 

Posso lhe falar meus sonhos,

de onde eu venho, o que construí,

o que deve ser a minha imagem.

Mas não posso caracterizar como aconteceu tudo isso,

para onde estou indo ou de onde veio tudo isso.

Assim como toda esta grandeza e forma

monumental de relevo presente na minha visão

e na paisagem:

Este acidente geográfico de outra era geológica.

 

E construo assim uma visão

daquilo que represento quanto existência real identificável:

cor e aspectos fisiológicos,

gostos e hábitos,

maneira de pensar...

Eu sou meu próprio padrão de existência?

Ser humano existente ou ser humano existindo?

 

By: Vinicius Osterer

Feito em 2017.

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