A Ruína de Um Garoto

Domingo ás vezes é frio dentro da alma.
É um passado dentro de um cemitério em que se enterra um corpo,
Pedaço do seu, pedaço da sua própria consciência espiritual.
Domingo é sol, é uma tarde tranquila e calma,
É um passado não distante de um menino que está morto,
É a libertação de palavras que não fazem nenhum mal.
Eu não estou impossibilitado de sair daqui.
Por que eu sou aqui. Eu sou eu mesmo e estou cheio do que me cerca.
Sou o que eu escrevo e sou aquele que escreve.
Estava cheio de mim mesmo então resolvi e sai,
Tenho dentro de meu peito uma angústia que me aperta,
Eu sou doce como açúcar e gelado como neve.
Eu hoje resolvi ser a ruína e ter anos de história.
Eu resolvi abrir um sorriso e cantar sobre o muro.
Eu resolvi resolver tudo que ainda não resolvi.
E peguei o meu caderno cheio da mesma memória,
Aquele que eu sempre guardei em um lugar bem seguro,
E queimei para fazer fogo e com isso sorri...
Os últimos vestígios daquele menino que eu já fui.
Eu não posso aceitar um mundo que mata o meu igual.
Eu não posso aceitar que se ache que o amor de um vale mais,
Eu não posso aceitar que o amor de outro não seja aceito.
Eu tenho que mudar as constantes para mudar o final,
E não me importa se você sabe quem são os seus pais,
Eu te considero o meu irmão de sangue mais do que perfeito.
Meu coração é antigo como a terra em que eu piso,
E estou mais leve com o meu pensamento,
Menos apreensivo sobre o que pode dar errado.
Apreendi a me aceitar de cabelo enrolado e não liso,
Em ser magro e estranho sem precisar do julgamento,
E quem sabe o meu coração não seja assim tão gelado.
Eu sou o meu corpo deitado na grama se aquecendo,
E sou o meu corpo quando está sangrando e doendo,
Por que eu sou uma matéria bruta da via láctea universal.
Eu sou o meu chá e a minha casa,
Sou o fogo e também sou a brasa,
Sou a derivação da palavra salário, sou o sal.
Domingo é frio, é sol, é corpo, é um garoto que já fui.
E também é aquilo de que eu sou formado e o que eu sou.
É um dia da semana que começa ou que termina?
Você não vê que a energia de você me contamina e flui,
Que faz de mim tudo o que me restou,
Este pedaço de nada, espaço cheio de ruína?
Preciso urgente procurar um médico da cabeça.
Estou ficando louco com o passar dos meus dias,
Falo sozinho e sinto que aos poucos,
Estou perdendo o amor pelas minhas velhas manias.
Não arrumo os cabelos, não saio de casa,
Nem me olho no espelho com tanta frequência.
Não falo com estranhos e não cumprimento conhecidos,
Estou andando aos gritos e sem nenhuma paciência.
Eu resolvi acordar sendo bom para a minha pessoa,
E resolvi não pensar em mais ninguém e ser mais egoísta,
Resolvi ler um livro e ficar um bom tempo à toa,
E me libertar dos vestígios do garoto vigarista,
Que roubava a minha paciência de homem adulto e nu.
Mas, domingo ás vezes é frio dentro da alma,
E hoje resolvi ser a ruína e ter anos de história,
Por que eu sou uma matéria bruta da via láctea universal.
Domingo é um porre... 1,2,3, mais calma...
Domingo é ressurreição sobre a morte, é vitória,
É a libertação de um garoto que já me fez muito mal.

By: Vinicius de Góis
Feito em 12 de Junho de 2016.

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