Doença de Crohn

Posso me lembrar do dia em que descobri que tinha Crhon. Depois da minha primeira cirurgia, que nada mais foi do que uma biopsia, eu fui retirar os pontos e pegar a minha primeira receita de medicação controlada. Cheguei em casa e pesquisei mais á fundo sobre a doença. Queria saber o que ela seria capaz de fazer comigo, ou o que eu seria incapaz de fazer com ela. Não levei muito a sério o meu diagnostico isso eu percebo hoje, mas na época era algo a mais apenas para superar. Descobrir que a doença é crônica assusta e muito, assusta mais ler que o paciente pode levar uma vida normal. Para mim a frase: poder levar uma vida normal, é o mesmo que dizer “veja bem, você parece normal, mas tem uma doença que te deixará para sempre com complicações se você não se tratar”. O Crhon não mata, mas pode lesionar outros fatores como físicos, sociais e emocionais. Lembro que sempre desejei nunca ser tocado quando sentia muita dor, parecia que de certa forma culpava o mundo por um problema que era apenas meu. Tantas festas que perdi por não ter a mínima vontade de sair de casa, por algum mal estar ou por não poder me divertir como sempre fiz. Bebida nunca mais. Um vício ou um veneno mortal. Hoje estou mais feliz bebendo suco de soja, enquanto meus amigos bebem vodca de sabor ou um bom vinho no fim da noite. Posso ver essa doença não como uma maldição, mas como um desafio que deve ser superado dia a dia, com dietas rígidas, exclusões de coisas que não me façam bem, exclusão de alguns comportamentos que antes eram tão comuns. Hoje depois de perder uma parte do meu intestino eu cheguei a essa conclusão, depois que fiquei no meu ano novo tomando soro e internado dentro de um quarto de hospital, em um leito vazio, cheio de meus pensamentos e de ar, com meu celular agora comunicável, que me transmite algumas das noticias daquilo que eu perdi lá fora no mundo. Tem coisas que até hoje ainda me permito como comer um salgadinho às vezes, mas penso agora que devo controlar aquilo que eu como. Ter uma bomba no seu próprio corpo prestes a explodir quando você menos espera nos exige moderação em tudo que fazemos, comemos, ou pensamos.