Quebra do Silêncio

Diga a eles que estive bancando o louco,
Gritando de noite, explodindo a madrugada.
E diga também que quase e por pouco,
Abandonei tudo e não pensei mais em nada.
É mais madrugada pelo silêncio,
Nem tanto pelo “Senhor” que acabei me tornando.
Madrugada em que eu nem penso,
E acabo escrevendo e não mais me importando,
Se lá fora tenho contas, amores, explosões...
Explosões de bombas, de humores e decepções...
É mais madrugada pelo escuro,
Pelo barulho que as teclas fazem
Quando eu queria estar escrevendo em uma máquina de escrever,
Daquelas com os sons mais estranhos, quebrando a noite
Fazendo adoecer as estrelas
E cantando mais alto do que as corujas e as almas do cemitério.
Porque as almas têm vozes e cantam, bailam sobre os túmulos,
Cheias de seus mistérios, com olhos e bocas... Fazendo caretas...
Endemoniadas, um bando de capetas.
Diferentes das Drags que eu vejo na calçada.

Talvez esteja no discurso da Teoria Queer,
Diga a eles!
Vem para cá e faz do escuro a melhor armadilha
Sem medo da revolução e da reforma em partilha
Diga a eles o que lhe falta,
Não pode dizer porque eles são surdos
São cegos
São plásticos
Aquilo com eles tem alguma verdade?
Diga a eles como se sente!
Talvez você seja um doente
Com crise aguda, querendo ser um homem.
Cadê a minha máquina de escrever?
Não posso ser um escritor sem ela.
Cadê a minha existência?
Não posso ser um escritor sem ela.
O seu vazio foi preenchido, querido?

É mais madrugada pelo silêncio,
Quebra do silêncio.
(Um coito rápido e suave)
Aquele sonho todo era uma mentira.
Desci do carro e voltei a pé para casa na chuva.

By: Vinicius Osterer
Feito em 18 de outubro de 2017.

Comentários

Postagens mais visitadas