Sereiano
Lhe chamar de meu senhor
Me matava um pouco todo dia.
De madrugada em histeria,
Tentando acumular um punhado de palavras pequenas.
Era um anti-herói,
Que só queria ter o superpoder
De acreditar em si mesmo.
Era forte enquanto se mostrava,
Em casa sozinho não aguentava,
E desabava como o mais miserável dos entes.
Nem a ontologia o decifraria por completo,
De dia visível, de madrugada secreto,
Rompendo a cabeça com um tiro nirvaniano.
Estável como um geminiano.
Parado como um rio e seu leito.
Atravessando todo dia,
Um silêncio em seu peito:
"Não ouça, não sinta, é um distúrbio".
Literatura amarga, de um escritor de subúrbio.
Era um anti-poeta desbravando,
O canto da sereia...
O peixe da depressão comeu sua língua?
Ente não existente
Queria querer e poder ver.
Entre existências, e dentes rangendo,
O dia estava escurecendo,
Dentro do inverno existencial humano.
Despertei do mar o Sereiano...
E hoje ele quer ficar, e não partir,
Poder enxergar e se autodestruir,
Em uma rima de ciranda infantil.
Quando eu repousar minha cabeça
Numa cama de ramos, trajando estrelas
Verás como eu estava doente
E que a dor não estavam nos planos
Do dedo que controla o descontente.
Para qualquer desavisado
Superfície em análise,
De um extra-humano asereiado
Serei ano, um anti-poeta,
Serei tempo e conceito
E na dúvida,
Numa cama de ramos, trajando estrelas
Verás como eu estava doente
E que a dor não estavam nos planos
Do dedo que controla o descontente.
Para qualquer desavisado
Superfície em análise,
De um extra-humano asereiado
Serei ano, um anti-poeta,
Serei tempo e conceito
E na dúvida,
Serei antropomórfico perfeito,
Vomitarei meu coração de tarântula,
Bagunçarei a ordem cronológica
E estarei morto e não mais dopado
Serei um sonho multifacetado
E dirão: é hora de entrar, as luzes se acenderam!
É hora de entrar, porque ele não vem.
É hora de entrar, está apagado.
Vomitarei meu coração de tarântula,
Bagunçarei a ordem cronológica
E estarei morto e não mais dopado
Serei um sonho multifacetado
E dirão: é hora de entrar, as luzes se acenderam!
É hora de entrar, porque ele não vem.
É hora de entrar, está apagado.
Era um anti-herói, de mar “serenado”.
E neste milésimo um
Aprendo o que havia desaprendido
Fui um ano, que quis chamar de você
Quis chamar de minha vida.
Mas minha vida era assim tão minúscula,
Tão fina e translúcida,
Que se pudesse respirar ao contrário,
Estaria em colapso descendo em linha reta
Para o centro do mundo que não posso escrever.
Oco de coração e vazio de metafísica gramatical.
Serei ano e não raso.
Feliz ano novo, velho poeta.
Feliz ano velho, novo avesso.
Contrário, com a mente aberta,
Negando tudo que eu conheço.
999 corações, um indivíduo infeliz,
Um ano que passou.
Oco de coração, sereiano.
Maduro suficiente para afundar no mar.
Oco de coração, sereiano.
Maduro suficiente para afundar no mar.
By: Vinicius Osterer
Feito em 24 de março de 2019
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