Arte THE HER'mann

Contornei com um fundo preto
O quadro que vi no espelho.
Caminhando com um passo lento,
Até a moldura do homem vermelho,
Que já foi contemplativo e homicida.
Parti para longe dentro da minha imaginação,
Faltava espaço para criar alguma comoção,
Que fosse real e não falsificada,
O homem dela, figura já estampada,
Em um quadro emoldurado na sala.
O pós-impressionismo brutal na barriga,
Sob o círculo de um ninho de ratos,
Pedaços e restos dos trapos,
Das mentiras e fantasias que eu criei,
Os sentimentos que um dia projetei,
Por todos os homens e mulheres que pintei...
E ele não terá!
Saberia que o borrão não é o desenho natural e nem a arte.
Prognóstico perfeito da sua matéria do avesso.
Queria padecer, mas não padeço
Dentro das manchas escuras que tenho nos sonhos,
Um artista em prospecto de pensamentos medonhos,
Enfeitando por amor a sua própria arte.
Em um período artístico em que você já foi matéria,
Para o verso, o refrão e a memória,
Se reproduzindo como uma bactéria,
Querendo preencher um espaço de história.
Em análise psicológica, entendendo a personalidade.
Queria seu amor sem sentir a saudade,
Das ilusões que criei dentro da minha cabeça,
Coração de tarântula, que a cópia padeça!
A arte é a falsificação da realidade.
Racionalizava por pura crueldade.
Fiquei com medo do que fiz.
Então fugi como sempre faço.
Borrei meus olhos e me tranquei no espaço,
Onde ninguém mais entra,
Slow motion, câmera lenta.
Enquanto enrolo meus cabelos no escuro.
Quer rabiscar enquanto eu me desenho?
Amarrado numa cama eu lutei com muito empenho,
Até transformar o seu nada no meu nada.
O seu nome no meu nome.
O homem dela no próprio homem.
E ele não terá!
Saberia que o borrão não é o desenho natural e nem a arte.

By: Vinicius Osterer
Feito em 10 de Março de 2019.

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