CU
Explicavam no jornal a nova doença:
“É
como um efeito cachoeira, de uma chuca mal feita por gosto, estampada sobre as
páginas de papel vagabundo e ordinário. Está vindo com tudo, enfiando não
apenas a cabecinha, porque pinto não tem pescoço, e nos mostrando o efeito
dominó de um encaixe em cima e por baixo, girando no espaço literário
pragmático exacerbado de uma escolha. Predizem os economistas que irão cair um
por um, dentro do caos elaborado. Sumirão um por um, sugados pelo buraco
gigante de um cu descomunal. Um cu bonito e redondo, daqueles que desejamos nos
aniversários, nas orações das igrejas cristãs e dos banheirões de buatchy. Um
cu piramidal de camadas, pintado como a imagem de um santo, escondido por uma
calcinha apertada e atolada, enquanto dedamos, com o dedo do meio, o botão rosado
em flor. Como num efeito cu, onde a primavera é penetrada pelos pássaros, dando
os orifícios das flores para adocicar a boca com mel, seremos a metamorfose do
NÃO SER. E ah como é gostoso, comer o cu de quem está lendo! CUidados
necessários:
Não
use sua boca e seus dedos para esparramar merda. Não coloque sentimento onde
deveria colocar apenas a sua boca. Use os dedos para uma siririca ou
masturbação bem elevada, a masturbação diária de um indivíduo que produz um ato
com efeito líquido como um gozo, pouco durável e satisfatório apenas a si
mesmo. Não tomar uma dose do mundo mutável construído pelo medo, e co-produzido
pelo egoísmo.”
Estava receoso. Eram tempos sombrios para os
CUidadores! Era um tempo sombrio para se ter apenas um Cu. Se tomasse no cu constantemente
estaria a salvo. Na igreja diziam: “Sim meus irmãos, o CU está próximo!” Estava
pronto, mas que cuspisse antes de entrar.
(Vinicius Osterer - Retirado do Livro Ânus Floridos)
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