Sociedade da Doença Crônica
Eu
me lembro de quando me tornei um crônico,
Um
doente miserável que queria viver,
Isso
para mim até pareceu quase irônico,
Por
que queria e desejava fechar os olhos e morrer.
Não
são fáceis os dias que estou com febre e de cama,
Quando
as dores não passam e eu não como,
Eu
emagreço e às vezes ainda nem levanto,
Por
que estou mergulhado na morte e no meu pranto.
Mas
eu volto e alguma coisa sempre acontece,
Depois
de algumas horas a magia sempre floresce,
E
a minha vida fica de cabeça para baixo,
E
eu sem saber ao certo se isso é bom ou se foi trágico.
Na
última vez que fiquei de cama eu podia voar,
Como
os pássaros do céu, flutuando em massa invisível.
Da
outra vez eu dei uma festa do chá,
Para
as pessoas mais maravilhosas, foi algo incrível.
Tomar
cinco comprimidos por dia deixa tudo controlado,
O
meu organismo fica mais “normal” e mais parado,
Sem
os seus excessos que me levam para o hospital,
Onde
os dias são bem chatos e não passam para o final.
O
mais apropriado é colocar uma coisa na cabeça,
Eu
sou doente, mas eu também estou vivo,
E
antes que você pergunte ou se esqueça,
A
minha doença não é assim “um grande perigo”.
Ter
crohn hoje em dia é ser quase normal,
Apenas
as visitas no médico é que fazem lembrar,
E
lógico que de todos os meus remédios para este mal,
Escrever
foi a forma de crescer e me realizar.
Hoje
escrevo bonito por que não estou nas crises,
Mas
dias bons e ruins todos nós temos,
Aprender
a se amar e mudar as diretrizes,
É
uma cura que poucos de nós ainda fazemos.
Como
é brilhante o fogo na chuva,
E
como é denso o escuro que nos rodeia.
Se
isso um dia lhe cair como uma luva,
Então
faça bom proveito e apenas leia.
Por
que eu sou isso. E isso também é você.
Eu
sinto que você também é um ser humano incurável,
Um
ser humano crônico, inserido em uma sociedade crônica.
Meu
querido e minha querida, se encha com a luz que vos cerca,
Entre
dentro de uma bolha de luz gigante e impenetrável.
Você
é todo o amor que entra pela porta aberta,
De
um ser humano maravilhoso e invejável.
Eu
me lembro de quando me tornei um crônico,
Mas
isto não tem mais importância,
Por
que eu me fortaleci com um bom tônico,
Chamado
amor próprio e relevância,
O
que é irrelevante não presta,
A
vida é tão linda, e no fim tão modesta.
Como
é bonito quando a chuva traz vida,
E
quando a noite traz o descanso necessário.
Se
um dia isto também for sua ferida,
Faça
como eu, se transforme em um revolucionário.
By:
Vinicius Osterer
Feito
em 27 de setembro de 2015.
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