Borrão THE HER'mann

Você esfregou seus dedos
Onde pintava monocromático a vida.
Sem forma, sem instinto, sem medos,
Colocou sobre mim os borrões de seus segredos,
Elevando as cicatrizes da minha noite homicida.
Parti para longe buscando uma palavra segura,
Faltava espaço e a respiração parava na altura,
De quando desci precipício abaixo rodando,
O homem dela acabou acordando,
Era um quadro pintado com merda.
A esfinge em palheta de cores pastéis,
Sob o círculo redondo que segurava os cruéis
Ventos da tempestade das coisas que fechei.
As gavetas e os porta-retratos trancados,
Os sentimentos sentidos e imaginados,
Por todos os homens e mulheres que já tirei...
E ele não terá!
Saberia que o borrão não é o desenho natural e nem a arte.
Prognóstico perfeito da sua matéria do avesso.
Queria desejar um recomeço,
Mas as manchas escuras deformaram minha visão.
Um artista em prospecto de decomposição,
Queimando por amor a sua própria arte.
Em um período artístico em que você já foi matéria,
Matando meu poeta escritor de tremendo desgosto.
Com uma caneta eu criei o verso da liberdade,
Tirando seu nome que estampava a felicidade do meu rosto.
Em análise psicológica, revertendo a personalidade.
Queria seu amor e acabei com sua crueldade,
Envenenei a tela com um punhado de cor sem motivo.
Para um preto e branco com um vazio sideral.
Não queria a forma, era um animal,
Racionalizava o precisava ser sentido.
Fiquei com medo do que fiz.
Então fugi como sempre faço.
Borrei meus olhos e me tranquei no espaço,
Onde ninguém mais entra,
Slow motion, câmera lenta.
Enquanto enrolo meus cabelos no escuro.
Quer colorir e resignificar todo o desenho?
Amarrado numa cama eu lutei com muito empenho,
Até transformar o seu nada no meu nada.
O seu nome no meu nome.
O homem dela no próprio homem.
E ele não terá!
Saberia que o borrão não é o desenho natural e nem a arte.

By: Vinicius Osterer
Feito em 10 de Março de 2019.

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