Crise de Consciência
Vocês já tiveram uma crise de consciência
e ficaram lembrando,
Aquilo tudo que vocês já foram, e aos
poucos foi se deixando,
Aqueles velhos hábitos, os velhos
gostos, as velhas músicas,
As amizades que existiam e que hoje
não existem mais.
As experiências vivenciadas mesmo que
ilusórias ou lúdicas,
As coisas que o tempo lhe lembra que
ficou distante lá atrás?
Vocês não acham que alguns momentos
deveriam se repetir?
Que certas coisas deveriam ser
vivenciadas em câmera lenta?
Mas parece que o tempo faz questão de
vir e destruir,
E aquilo que era bom acaba sendo o
sentimento que mais atormenta.
Por que existem circunstâncias ruins
entre momentos bons?
Por que as coisas não podem florescer
em um campo fértil de felicidade?
As coisas sempre se misturam com os
gostos sentidos e todos os sons,
Que já embarcaram dentro de nossa
frágil e fraca força de vontade.
Tantos foram os animais que já se
embrenharam perto da gente,
E tantos foram os rostos daqueles que
já disseram um “eu te amo”,
Aos poucos tudo acabou se indo, se
esgotando que nem se sente,
Como os anos lhe modificaram e lhe
fizeram duvidar de um engano,
Daquele engano de que a idade não
chegaria para você nunca,
De que a juventude seria eterna
enquanto os amigos fossem eternos.
Você não é o projeto de um futuro,
você é o seu presente de espelunca,
Você é todos aqueles seres humanos
que você mandou para os infernos.
Você acabou sendo aquilo que sua
escolha mais temia,
E tudo aquilo que de uma forma ou de
outra sua mãe já sabia,
E aquilo que o seu pai jamais desejou
para um filho que é seu,
Pena que ele não parou para ver que
você mudou por que cresceu.
Você aprendeu alguma coisa por que
perdeu a sua mãe cedo?
Você chorou por que olharam para você
e o viram como um estranho?
Você amou um semelhante mesmo que
apenas por um desejo?
Você já se perguntou: “com isso o que
será que eu ganho?”
Já obturou seus dentes quantas vezes?
Você já tentou estar perfeito?
Passou pela geração que era emotiva e
usava franja?
O que você não fez para ser de um grupo
ou para ser aceito?
Quantas vezes o seu horóscopo mandou
você usar a cor laranja?
Não é bonito lembrar das cartas de
amor, dos romances de infância?
Dos telefonemas e das mensagens que
sempre encurtavam a distância?
Tantas coisas para lembrar e outras
tantas para se esquecer,
As pessoas que nos fizeram chorar e
as situações que nos fizeram sofrer.
Somos estes pequenos fragmentos de
tempo, inseridos em um espaço,
Um espaço envelhecido pelos próprios
fragmentos de tempo.
Quantas vezes eu já coube dentro de um
singelo abraço?
Em quantas outras eu não quis sair de
mim por um momento?
E já perdi as contas das vezes que
pedi perdão por meus excessos,
Pelas minhas raivas e minhas
dramaticidades ou pelo medo.
Quantas almofadas já sucumbiram por
uma tesoura aos meus acessos,
De raiva, de ódio, de agressividade
que apareciam em segredo.
Quantas crises a mais de consciência
eu ainda vou ter?
Quanta vida a mais me espera?
Quanta pergunta ainda terei para
responder,
Sobre o quanto a lembrança de uma
vida é tão bela?
By: Vinicius de Góis
Feito em 18 de Maio de 2016.
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