ACORDA: PORTAL


ALGUMA COISA FEITA EM CAPSLOOK:

"Sabe, não há uma predisposição em mim para entender o que faço enquanto poesia e narrativa... É muito vago, vago mesmo... Algumas coisas saem por escrito outras não, outras rimadas outras não. Não sei descrever o processo. Compor uma narração é ordenar as palavras, então acredito que seja mais racional na escolha delas e para onde esteja indo quando entro neste gênero em específico... Já a poesia é outra coisa... É uma espécie de portal, como uma tela em branco do paint - que vou colocando as coisas que vou sentindo, vou recolorindo aquilo que vem de outro lugar que não da cabeça, sabe?"

É como se neste exato momento
Você com um cigarro na mão, ignorando a fala,
Pois outro avermelha o brilho escuro
Que não posso acender dentro de ti,
Como acendemos o cigarro no domingo a tarde
E ficamos chapados falando sobre tais coisas...

Perdendo a noção do tempo
Você fadigado por extensão, arrumando a mala,
Partindo tarde no cedo - já é futuro
Querendo sair e dizendo: "eu parti"
Como partimos de carro no domingo a tarde
(De uma carona que me custaram 50 reais a gasolina)
Perdi o verso, esqueci da rima
Estava chapado...
Quando se trata de mim, quero ser você.
Pera aí. Você tem percebido o quanto estas palavras foram destrutivas? O quanto este loop de pensamento lhe deixou com tudo que tem? Amor paranoico este o seu... Cortando-se emocionalmente como um velho abacaxi - deixado no fundo de um caminhão de frutas. Não, sabe... Dói ver a grandeza do fundo dos seus olhos dilatados, olhando para a matéria imaterial - que não celebra sua forma sem extenso. Era tão incrível a capacidade que você tinha para vencer os desafios do jogo proposto!
  • Estou com um fotógrafo, você consegue fazer fotografia? 
  • Olha aqui, faço - aprendi a editar imagens e criar artes digitais! 
  • Bem, cansei disso - me interessando aqui por alguém que faz histórias em cartoon - consegue?
  • Olha, fiz uma saga com uma personagem de humor duvidoso!
  • Cansei, quero debater sobre o universo!
  • Li toda a teoria para conversarmos sobre isso, tô entrando em um debate de sociologia em uma disciplina que não tem como não ser a sua cara!
  • O universo é chato, preciso de...
  • Acabei de montar a ideia para um livro, a minha drag nasceu como lhe disse se lembra? E tô fazendo agora além de um projeto de fotografias um conceito maior sobre como a arte é ideia em movimento - indo para o cinema, curta, compus uma música, a letra dela é para ti...
  • Quem é ele?
  • Ele? Ele? Vou tentar lhe mostrar que todas as coisas são curáveis, até suas feridas mais profundas.
  • Por que não pode me dizer o nome?
  • Não é tão simples assim para mim, ele me machucou muito quando você estava namorando o...
  • Por que não pode dizer o maldito nome? Voltei para casa chorando no ônibus... Você acha isso certo?
  • Tenho deixado isso para outras pessoas resolver, eu fiz um boletim de ocorrência, tô com dor não tô conseguindo sair para ir para a faculdade. Tem me doído por dentro, e esse ciclo se repete na minha cabeça... Tô chapado de novo. Preciso fugir desta realidade! Cadê você? Está me ouvindo?
Tenho problemas meus, não nossos.
Plural é singular quando se escreve isso...
Linhas retas com traços grossos
Fazem parte da concepção artística disto.
No dia da cadeira elétrica,
A lua gemia crescente no céu.
Por trás de um espelho em desorientação
O menino poeta desenhava um círculo
Preenchendo com letras iguais
O desenho - as samambaias sussurravam um canto
Perdi o verso, esqueci da rima
Estava chapado...

Onde estava? Quem é você? Por que vive por aqui acabando com minha obra? Quem, me diga quem diz para ti que este lugar é teu? O personagem principal não é você, não vai figurar o desenho, nem o contorno, nem a celebração daquilo que foi pedaço e mais pedaço de submissão e erro. 
ACORDA! ACORDA! Tire esse filha da mãe desgraçado do portal de sua poesia! É hora de fugir da cadeira elétrica! Não percebe isto? Por favor, eu preciso de você - ACORDA! ACORDA!

EU LÍRICO. Pato Branco, 24 de Setembro de 2020.

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