Suicídio Assistido

Eu disse:
- Eu te amo.
Ele disse:
- Chá?
Peguei uma arma e dei um tiro no meu peito.
(Pausa Dramática, para fazer efeito).
Quando eu caí no chão, todo mundo aplaudiu de pé.
Era a queda de um homem que não pesava cinquenta quilos.

Então não há nada,
Nem noite escura
Nem céu bucólico,
Nem vazio que se preencha.
O homem que morreu era amarelo,
Cheio de anemia crônica,
Por plantar rosas e colher espinhos.
No canal sete estariam noticiando:
“O Grande Mentiroso”
Eu disse:
- Eu te amo.
A televisão estava desligada?
Ele disse: - Desculpe a piada,
Queria ver até onde alguém como você aguentaria.
(Pausa dramática)
Então não há nada.
Deus não existe.
Deus está morto,
Para Nietzsche e para mim.
Teremos caveiras para o jantar de amanhã,
Não é desilusão, nem noite escura...
Para cima desta Terra amarga de secura,
Que outros olhos não podem mais enxergar.
Me mate antes do tempo esquentar,
Não gosto do verão e dos pássaros,
Eles me lembram que tenho que sorrir,
E sorrir é transparecer felicidade.
(Grito Feroz)
Alimente a fera!
Então não há nada.

Eu disse:
- Não.
Ele disse:
- Compreendo.
Entreguei a arma e não me causei ferimento.
(Pausa dramática, desmoronando por dentro)
Quando eu levantei, a plateia tinha ido embora.
Era o surgimento de um homem que não carregava peso algum,
Nem excessos e nem ausências.
Cansado da violência mental que o sobrecarregava.
O céu não é azul, mas é tranquilo.
As estrelas brilham adormecidas na noite.

By: Vinicius Osterer
Feito em 18 de julho de 2018.

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