SENHOR DO TEMPO

Estou pronto. De peito aberto.
Venha buscar minhas lágrimas com seus lábios.
Cicatrizar as feridas do meu coração quebrado.
Meu amor foi pão em migalhas para os pássaros,
Voando em bando para lugar nenhum,
Voltando para o punhado de roupas amassadas,
Que permanecem no mesmo lugar do quarto.
E a casa vazia sem reflexos nos espelhos,
Com tudo que vi passar sobre os seus olhos calmos,
Sobre os olhos ferozes que alimentam um mundo
Todo cheio de coisas não palpáveis, substantivos abstratos
Imagens nos porta-retratos,
A última vez que recebi um emoji de coração,
Guardei trancado neste refrão,
Talvez esteja curado.
Não preciso de um sorriso forçado,
De um calçado apertado,
Que cabe mais de um pé de uma vez,
Mudar de estação todo mês,
Como se não fosse precária e decadente a mudança.
Raspei os cabelos, colori meus olhos,
Passei brilho dentro do meu melodrama barato.
Não é um cigarro, nem mesmo o fato,
Sim, estou pronto.
Fechado no seu mundo, em uma chuva de estrelas.
Não era o seu chamado pela manhã,
Era o som do sonho e do violão,
Que tocava uma poesia minha,
Sobre o quanto seu universo é o meu alimento.
Pela tarde veio o vento,
Espanando a poeira que tinha sobre meus pés parados.
E eu corri atrás das cachoeiras dos seus cabelos enrolados,
Mas você já tinha ido embora com sua nave.
Abdução?
Sim, estou pronto.
Com você onde tudo é zero.
Na linha da história, ao contrário.
Buraco negro, interplanetário.
Me perdi naquele abraço, Senhor do Tempo.

By: Vinicius Osterer
Feito em 05 de Janeiro de 2018.

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