Entre Sopas Aguadas

Todos que são grandes já estão mortos, você não acha?
E aqueles que ainda vão ser me parecem tão intocados.
Alguma coisa sempre parece que não se encaixa,
Quando olho para o céu com tantos pontos iluminados.
Existe bem mais massa escura, mas a luz é mais brilhosa,
É o que aparece em destaque para todo mundo ver.
Entre sopas aguadas e dores agudas, a vida é maravilhosa,
E o meu humor negro é o melhor que posso lhe oferecer.
Se a vida lhe der o azedo de um limão tome ele gelado,
Com uma fatia da miséria do seu próprio vômito fedorento.
E se lhe der o que me deu não haja como um condenado,
Igual a você existe milhares de pessoas neste exato momento.
Eu quero viver e não provar se eu tenho valor,
Não preciso me tornar um produto de uma opinião ingrata.
Eu quero comer com felicidade e muito amor,
Um alimento que me faça bem e não uma cólica que me maltrata.
Eu sigo os meus sonhos e luto por eles todos os meus dias,
Eu sou honesto comigo e com as pessoas ao meu redor,
Eu me sinto honrado pelos pensamentos gloriosos e agonias,
Que nascem de mim quando eu estou na pior.
Eu não apaziguei a ingratidão pelos lugares brancos e hospitalares.
Eu não entendo o motivo das coisas erradas que vão na contramão.
Parece que a morte está hoje em todos os meus melhores lugares,
Cegando aos poucos o meu destino com a sua massa de escuridão.
Todo santo dia eu penso. E como eu estou pensando.
Alguma coisa em mim mudou, o que eu fiz comigo?
Se eu ficar aqui apenas lamentando e implorando,
O que vai ser da minha vida? Isso parece não fazer sentido.
A morte está me fazendo desaparecer aos poucos da humanidade,
Tirando de mim a saúde e jogando ela toda fora.
Não sei se também está me fazendo perder toda a sanidade,
Estou inserido em uma sopa de estrelas agora.
Porquê? Porque eu acho que posso morrer mais cedo,
Posso morrer e voar acima de uma vida miserável,
Eu não quero que este texto pareça ser o meu medo,
E nem a autopiedade de um ninguém deplorável.
Eu volto a comer sopas. Sopas aguadas, só com o caldo salgado.
Eu volto a minha depressão azeda e amarga. Isso é tedioso.
Eu volto a olhar para o céu noturno e escuro tão iluminado,
Por pontos brilhosos que abrigam um futuro tão grandioso.
Eu acompanho a morte e ela me acompanha no meu caminho,
Este caminho que sempre está mudando dentro de pouco tempo.
Ás vezes eu olho nos seus olhos e me sinto obscurecido e sozinho,
E ás vezes me deparo com você dentro do meu pensamento.
Meus olhos também serão cegados. E estarei imerso na sopa iluminada.
Eu penso que se for para não ter conserto então que se deixe ir.
Meus olhos serão cegados dentro de uma voz que é ouvida e silenciada,
Melhor eu aprontar a casa por que chegará minha hora de partir.
É meio perigoso brincar com as coisas que ainda não foram criadas.
Eu apenas quero vida. Morrer parece o fim do dia ao anoitecer.
Eu gosto de criar divergências explícitas para pessoas amarguradas.
Amanhã irei acordar para viver o inadmissível que me satisfazer.
Alguma coisa sempre parece que não se encaixa,
É estranho gostar do brilho das estrelas e da massa de escuridão.
Todos que são grandes já estão mortos, você não acha?
Estou farto desta sopa aguada cheirando a morte e a desilusão.

By: Vinicius de Góis
Feito em 12 e 27 de Fevereiro de 2016.

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