Terapia N°1
Feito em 22 de Agosto de 2014...
- Bom, sente-se! Meu
nome é terapeuta, você quer falar um pouco sobre você, seu nome?
- Não sei o que eu
falo sobre eu! Meu nome é Sebastien, Sebastien Cavendish. Já tive outros.
Nomes.
- Outros nomes? Quer
me contar mais sobre isto?
- Este negócio que
tenho. Esses tantos outros que fazem isso.
- Então. Você sabe
descrever este negócio? É bom ou ruim?
- Sabe que eu nunca
pensei se é bom ou ruim. Acho que às vezes é bom e ás vezes é ruim. Mas, não
sei descrever tão bem isto. Às vezes parece que sou outro e então simplesmente
eu viro outro.
- Você já leu
provavelmente alguma coisa sobre bipolaridade?
- Já. E este negócio
não é tão semelhante. É diferente em muitos aspectos. É tão diferente que acho
que gostaria que fosse, por que assim teria tratamento e eu não me preocuparia
com tudo que sinto.
- E você sente muita
coisa?
- Na maior parte do
tempo não. Mas quando vem este sentimento eu sinto de tudo um pouco. Um pouco
de loucura, alegria e de tristeza. Não sei mais nem o que eu quero e se eu
quero não quero mais.
- Você sente dúvida?
- Isto! É dúvida. Eu
fico perdido entre o que eu tenho e é meu, e aquilo que não tenho e não posso
controlar. Eu fico desesperado por que sinto um pedaço ou uma parcela de culpa
por tudo, castigo meus atos que não foram pensados ou planejados e me deparo
com dúvida. E esta dúvida passa por mim e fica instalada em tudo que acredito
ou em tudo aquilo que eu faço. Isto me deixa louco!
- Todo mundo possui
dúvidas, é natural do próprio ser humano ter dúvidas. O que você não pode é
tentar controlar tudo ao seu redor, todas as situações, colocando expectativas
em coisas que estão fora do seu alcance. Mas, é isto que te trouxe aqui?
- Não.
- O que te trouxe
aqui?
- Outra sensação
estranha que tenho.
- E você sabe dizer o
que existe de estranho na sensação?
- Sei lá. É tão
estranho você estar e não estar em um lugar. Você falar com as pessoas, mas não
ver verdade nas palavras, não por serem mentiras, e sim por você não apresentar
nenhum interesse pelo que se fala. Ou despertar algum sentimento ruim pelo que
faz. É horrível não conseguir fazer o que eu faço tão bem algumas vezes,
conversar normalmente com as pessoas, rir com elas. Aí quando não dá
simplesmente já me perguntam por que estou calado, ou por que estou com uma
cara estranha.
- Você deve ser visto
de uma forma diferente.
- Diferente. E o
quanto ser diferente é bom? Em nenhum momento me ensinaram que ser diferente me
traria tantos aspectos negativos, se soubesse teria me satisfeito com esta
normalidade toda.
- E o que é ser
normal para você?
- Sei lá. Acho que
pra mim é ser como esse tanto de gente que tem medo e receio das coisas.
- Mas você não está
com medo de ser diferente de verdade, ou de não aguentar essas sensações estranhas?
- Queria falar que
não.
- Então acho que pelo
que me disse você é normal. E sabe, este é um dos seus problemas! Você queria
falar? Por que não falou? Guardou para você por quê? Uma simples resposta que
lhe traz uma imensa confusão cerebral, que abala a sua alegria e tudo o que
você faz.
- Mas e quando não
posso falar por educação?
- Aí você pode dar
uns toques, por educação a pessoa também deveria aprender a ouvir as coisas se ela
pode falar as coisas, não é mesmo? Não guarde para você energias e pensamentos
destrutivos. Construa uma autoimagem mental de que você é alheio ao controle de
tudo que acontece, de que isto que você acha estranho é você. Se aceite um
pouco mais, deixe de ligar para os outros, pense um pouco mais em você. Você
tem todas as suas respostas. Espere, por que o tempo irá apaziguar o que você tenta
mascarar. Mas ame sei jeito de ser. Ame ser feliz. E tente ser uma pessoa
agradável e não controladora de ações, não dispute com quem não sabe perder. Perder
e fracassar são coisas normais, e não te torna inferior a ninguém. OK então?
- Obrigado. Vou
tentar falar e não guardar.
- Guarde somente o
necessário. Falar faz bem, descarrega energias ruins.
- Bom vou praticar
estas coisas que você me disse. Até me sinto um pouco mais aliviado. Quer
dizer, quando me lembro das coisas volta tudo de novo.
- Então não pense.
Pense em coisas positivas ou faça alguns planos do que quer fazer, mas sem criar
expectativas e um controle rigoroso. Deixe ir acontecendo.
- Está bem. O que é
mais estranho é que precisei pagar à alguém para ouvir que estava errado. Sabendo
que estava. Acho que pagamos mais por ter com quem conversar sobre nós mesmos.
É meio que um egoísmo e carência pessoal.
- Egoísmo e carência eu
não sei. Mas é bom ouvir as coisas ditas com palavras diferentes ou com outras
perspectivas. Se puder voltar conversaremos um pouco mais, sobre você e suas
estranhezas. Quero te conhecer melhor!
- Pode deixar, eu vou
voltar, com toda certeza.
By: Terapeuta –
Sebastien Cavendish
Comentários
Postar um comentário