Canto da Bandida Maior
O que faremos agora?
Disse ele, pobre coitado,
Para a bandida de um
crime repugnante.
Pois venha até mim,
filhx da puta derrotadx
Coloque o seu melhor
sorriso e cante!
Já fui traída, já
fui santa, hoje sou PUTA
Coloquei minha jaqueta
militar para a luta,
Andei com meus
saltos em um trilho de trem,
Garras venenosas,
quem é que não tem?
O que faremos agora?
Coitado, pois bem...
Na beira dos olhos
masculinos,
Eu não podia entrar,
dizia a placa,
“Você tem traços
muito femininos,
E parece uma
vagabunda ingrata!”
“Baixe a cabeça, não
me retruque,
Fique de quatro que
quero lhe usar,
Não fale com ele,
por que ele está aqui?”
Você ainda quer ele?
Vai ter que me recompensar!”
PIRANHA, DESGRAÇADA,
MISERÁVEL, objeto.
Pegue seus sapatos e
vá descarga abaixo como um dejeto.
Fragilidade? Coloque
no seu terceiro olho do cu.
Na beira dos olhos
masculinos,
Ele dizia respeitar
o transviado,
Me jogou em qualquer
canto e por um momento,
Me senti um filho da
puta derrotado.
O que faremos agora?
O QUE FAREMOS AGORA?
Fala, fala, fala e
nunca diz.
O que faremos agora?
O que faremos agora?
Arrume sua mala, não
posso entrar é o que diz?
Na beira dos lábios
masculinos,
Eu não podia ser uma
palavra.
“Você é menina ou
menino?”
“Sou uma piranha sem
casa
Sou a porcaria da
sua mãe, da sua vó,
Sou as flores de um
nada”.
Então ele me disse:
“- Em formação, vá
limpar a roupa,
Tem comida para se
fazer, está ficando louca?
E essa louça toda na
pia? E esse cabelo despenteado?
Quero a mulher que
conheci, do meu lado!”
“Em formação?”
Também gritei!
Como falar com um
machista, eu não sei.
O que faremos agora?
O que faremos agora?
Na beira dos lábios
masculinos um canto de formação,
Com uma letra sem
encanto, de partir o coração:
“Para a lésbica, faltou pica,
Para o gay, um murro bem dado.
E a trans? Não se identifica?
E o Bi? Assumiu que é viado?
Um, dois, um bom soldado.
Três, quatro, não chupa rola por lucidez.
Cinco, seis, quando vê um afeminado,
Sete, oito, executa ele de uma só vez.
Nove, dez. Nove, dez. Direita, volver!”
PIRANHA, DESGRAÇADA,
MISERÁVEL, objeto.
Não percebe que é
assim, e que assim é sempre certo?
O que faremos agora?
Poesia é para poetas,
Não para afeminados
que usam cuecas,
A revolução dentro
do meu estojo de maquiagem.
Em formação? Pura
bobagem!
O meu lugar é onde
eu quero existir dentro do mundo.
Já fui traída, já
fui santa e neste segundo,
Eu sou a PUTA,
desgraçada que fala e fala e nunca diz nada,
Nove, dez. Direita,
volver!
Eu vou entrar, e
quero ver quem vai me deter!
By: Amy Waves.
Feito em 18 de maio
de 2018.
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