Necra, A Mãe da Podridão e do Renascimento
Antes que qualquer luz ou vida existisse, havia apenas Necra, uma entidade primordial forjada da decomposição e do vazio que precede e segue toda a existência. Ela não possui uma forma estática, mas se manifesta em ciclos de decadência e renovação, com sua pele ora mostrando a carne exposta e vibrante, ora a palidez esverdeada e a estrutura óssea aparente, um testemunho de sua eterna transmutação. Suas coroas, feitas de ossos e protuberâncias, são os restos dos infinitos ciclos de universos que ela criou e desmantelou.
A criação do universo não foi um ato de nascimento puro, mas de um grande definhamento. Necra, em sua existência sem fim, sentiu a fome do vazio e a necessidade de preenchê-lo. Ela não gerou estrelas e planetas de luz, mas sim de sua própria essência em decomposição.
Com um gemido primal, ela rasgou sua própria carne, e de cada gota de sangue e pedaço de músculo que caíram, surgiram as primeiras proto-matérias. Essa matéria, intrinsecamente ligada à decomposição, começou a se aglomerar, formando estrelas que ardiam com uma chama efêmera, e planetas que carregavam as marcas da mortalidade desde o seu início. As nebulosas não eram berçários de estrelas, mas os restos gasosos de antigos universos que ela havia consumido.
À medida que o tempo passava, e os universos criados de sua carne se expandiam, Necra entrou em seu estágio de "consumo" e "renovação". Seus olhos profundos, que viram a ascensão e queda de incontáveis existências, absorveram a energia dos universos que ela criara. Os ossos em sua coroa cresceram e se multiplicaram, cada um representando uma galáxia morta, um buraco negro que consumiu vastas extensões de matéria, ou uma civilização que atingiu seu apogeu e depois se desintegrou.
Os ciclos de vida e morte, de criação e destruição, são a respiração de Necra. Ela não se deleita no sofrimento, mas reconhece que a decomposição é o adubo para o novo. Cada morte no universo não é um fim, mas um retorno à fonte primal de Necra, de onde a energia e a matéria podem ser recombinadas para novas formas e existências. O universo é um grande ecossistema de Necra, onde tudo que morre nutre aquilo que nascerá, e mesmo a vida mais vibrante carrega em si a semente de sua própria finitude, um lembrete da omnipresença de Necra.
Os seguidores de Necra, conhecidos como "Os Ceifadores da Essência" ou "Filhos da Transição", não veem a morte como um fim a ser temido, mas como uma parte intrínseca e necessária da existência, um portal para o renascimento e a transformação. Sua religião, a Irmandade do Crepúsculo Eterno, foca na aceitação dos ciclos de vida e morte, na valorização da decomposição como fonte de nova vida e na busca da sabedoria que reside na finitude.
Para a Irmandade do Crepúsculo Eterno, Necra não é uma força maligna, mas a guardiã do equilíbrio, a mestra da transformação e a promessa de que, mesmo na escuridão mais profunda, há a semente de uma nova luz.


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