Mangue

 

O amor de passada,

é intenso como o oceano em um dia de tempestade.

É soberano,

fantasiado e cheios de armadilhas e desigualdade.

Eu te amo?

Eu te amo!

Dois lados e duas pontuações -

Que não podem configurar sentido,

por completo na mesma frase.

Não há florestas marítimas, há corais.

Não há arraias no céu, há gaivotas...

Tristes gaivotas que tentam aplaudir o sol com o canto.

Na velha capela repleta de velas para o Nome-Santo,

Repousam joelhos, crocodilos, tubarões e macacos.


Dentaduras postiças tentam cerrar velhos troncos,

fracos troncos,

sem raízes.

Longe escuto o motor descendo o morro,

inclinado morro,

infelizes.


Minha fé é o presente:

Escuto e observo.

E simultaneamente,

Paro e me conservo - no estado brutal do susto.

Passos em minha direção,

Ondas batendo nas rochas...

Ouvindo a respiração

Que se aproxima de minhas costas...

Ofegante, animalesco, vegetal:

Sussurros de pepinos e tomates.

O amor de braços abertos,

Bananas, maças e abacates.


Passada, lufada, surpresa.

De bocas dadas com minha presa.

Eu te amo? Eu te amo? - tartarugas marinhas.

Eu te amo! Eu te amo! - bromélias imperais.

Entre tudo e todos, o mangue.

Entre todos e tudo, o sangue:

Meu e teu - nosso.

[Simultaneamente]


By: Vinicius Osterer

Feito em 07 de março de 2023

Pato Branco - PR

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