Coração de Baleia Azul

Esgoto-me no papel, no corpo, na alma – na cama.

Grito sinérgico, restabeleço a “Não Forma”,

Apelo aos minutos que passem em má-fé e mentira,

Corto o tempo do espaço e da memória.

 

Trafego rumo a imensidão de baleia,

Azul decrépito, tarde gelada –

Peito esvaziando, de momento em momento,

Garganta aberta e boca fechada:

Eu fecho!

Então abro,

Fazendo não-enredo, não-personagem, não-livro.

Procuro com um bastão aos chutes e socos,

A estrela polar comedora de barcos-homens-ondas...

Construo caravelas com papel manteiga,

Dissolvendo dentro da não-ficção,

Brasil-Mitológico (eixo Rio-São Paulo).

 

Nos tambores marinhos, aqueço a caneta,

Perdido dentro de um coração azul.

Fascinado pelo universo converto-me em luneta,

Apreciando a construção de um gigantesco CU

Cu primitivo, não-gênero, não-sexo,

Cu histórico e marginalizado.

Um cu em camadas, um cu trans-[exo],

De coração de baleia sem abjeção e em figurado.

 

Esgoto-me em gotas, em linha após linha,

Depois retiro-me, observando com cautela.

Faço um café-com-leite, na minha cozinha,

E deito-me olhando a chuva da janela:

Um mar balsâmico, pedroso, redondo e C-r-U.

Re-cu-o.

Não foi esgotado. Então? Fecho.

Fazendo não-enredo, não-personagem, não-livro.

 

By: Vinicius Osterer

Feito em 06 de Maio de 2021

Francisco Beltrão – Paraná.

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