Reforma Íntima

“Foda-se a responsabilidade social e emocional dos meus atos!” (Brutalmente alguém grita ferido de um lado). “Foda-se, um relacionamento me sufoca!” (Grita alguém imaturo do outro, beijando outra boca, transferindo o sufoco). Como alguém deseja revolução, se mal consegue revolucionar a si mesmo?
Um delírio? Rinocerontes enquanto tomava meu chá pela manhã. Desagradável como o gosto de se estar na janela dando um adeus, partindo sei lá para onde. Recorri cientificamente ao método sem saber que já havia sido inventado, publicado e compartilhado pelos seres humanos que acreditam na similaridade dentro de universos desiguais. O que ele quer escrever que eu já não tenha lido por aí com outras caras e outras palavras, encontrado em outros beijos, camas, sorrisos e abraços? Reforma íntima, introspectiva, direcionada aos indivíduos que reconhecem as funções racionais do sentimento, aos termos junguianos da palavra.
Ressentimento? Contraditório! Coração não bate uma vez só na vida. O paraíso tropical de uma boca, não é privado. Rasga-se o corpo, elemento desnecessário. Dele se tem uma versão florida, em que não podemos esmiuçar os detalhes, e nem reduzir apenas dentro de uma grandeza física, biológica, matemática, poética, etc. Faz sentido para ti? Para mim não faz nenhum! As reformas são sempre niilistas. Estas palavras não as representam por completo!
Perceptivo-Intuitivo. A regra é nítida para alguém que estuda padrões! O nome da gata, o álbum que mais ouviu, a arte e fotografia, querer um ciclo que já teve fim... Sim, querer um ciclo que já se passou, tentando curar a cicatriz com outros rostos. Rostos comuns ou quase iguais, sem o detalhe na mão. Apaixonado pela forma em que se abrigou, onde qualquer movimento que não tivesse alcance imediato produzia um sentimento, talvez hoje suprido por si mesmo? Talvez, mas é assim que se alimenta o sistema! Sim, o sistema: o conjunto de grandezas do parágrafo acima. Sim! Repetindo-se o que sentiu e não entendendo que sentir é racional e vem da cabeça, ao contrário da percepção e intuição.
Coração não bate uma vez só na vida, nem apenas na chegada ou na despedida. Tem coisas que ficam na pele, como a tatuagem do meu braço e a verdade das minhas palavras, mesmo quando confusas ou exacerbadas, escritas com meu coração ou com idéias pré-determinantes.
Fim? Não existe fim. Existem metades e começos. Não posso curar o que alguém fez com o outro. Não sou detentor do controle e do autoconhecimento. “Look, two lovers!” Você apenas buscou as características de alguém que já existiu para você. Tantas pessoas buscando o amor e as características perfeitas, e eu aqui buscando... Pessoas, feitas de carne e osso acrescidas de alguma humanidade.
Não existe limite algum para se ser! E nem desculpas... Emprestando o que se é por um período curto e breve de resignificação da própria reforma intima. “Nothing's Gonna Hurt You Baby”. Nada, nem mesmo eu. Porque não estarei mais aqui no mundo das idéias, cansado de ser o Poeta Platão. Estou em reforma...

Vinicius Osterer, 24 de Julho de 2019. Francisco Beltrão.

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