DICLORO-DIFENIL-TRICLOROETANO


O que me enoja é um homem que trabalha
Durante a vida, durante a sobrevivência
Se sentir um inútil por essa mais-valia nojenta
Que carregamos na ponta dos dedos como digitais
Sanitarizadas pelo poder da governabilidade sobre o povo.
Cortamos o mal para sermos perfeitos
O corpo esbelto, títulos por produção
Esbravejam por tudo que acumulam e tem,
Enquanto eu sou apenas aquele e não aquilo,
Pesado em arroba e não em quilo,
Jogado sobre camadas de veneno DDT
Para ver se calo minha boca enquanto gemo no sono.
Mas não prego os olhos, tenho insônia.
Tenho arte sobre os ouvidos,
Pregada na minha cabeceira,
Como os cristãos que pregam Cristo
Eu prego palavras e perco o sono.
Já me prescreveram uma vez, três doses de comprimidos
Mas meus dedos de guerra foram embranquecidos
Com a leva de imigrantes do século vinte no país
DDT para a puta que pariu
A pátria amada Brasil.
Está na mesa do homem que trabalha
Mas trabalha tanto, que nem sabe que trabalha
Porque viver é o mesmo que capitalizar o trabalho
Quando se tem trabalho e uma mesa
Quando não de joelhos no genuflexório
Pedindo pelo décimo terceiro salário
De joelhos no chão do banheiro
Esperando alguém leitar sua boca
Como a loba amamentou Rômulo e Remo.
Joga DDT no povo
Joga DDT na rua
Joga DDT em mim
Na minha carne sem forma e nua.
Abre o gás de cozinha, GLP
Inala o vapor e acende pra vê!
Produza em quantidade, aventure-se por objetos.
Sentimentos só vão? Talvez estejam corretos.
DICLORO-DIFENIL-TRICLOROETANO
Passar sobre a ferida do coração três vezes ao dia.
A cadela fascista teve um punhado de filhotes.

By: Alejandroin Black
Feito em 06 de Novembro de 2018.

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