CIGARRO

Confesso que meu Cristo é fumaça
Que vem quando acendo o cigarro,
O homem que salvou meu mundo
Mergulhando em uma farsa.
Confesso que não durmo a noite
Pensando em como não surtar
Pelo Jesus com filtro na ponta
Na palha, na bíblia, no surto do espaço.
Cigarro, poema, uma dose do que é falso,
O homem esbaforido sem nenhum músculo
Que deita sobre uma cama de mentiras,
Uma coroa de espinhos
É uma cruz esfumaçada.
O homem que salvou o meu mundo era viado,
Era colocado em um papel e fumado,
Porque o cigarro é poético como a navalha na pele,
Como a vela queimando em disparada,
Quando o pedido é para se manter vivo.
Venerar a morte, sim, em pleno domingo
Com um copo de verdade de açúcar.

Abri o olho esquerdo e disse:
- Acenda mais um.
Abri o olho direito e disse:
- Muito obrigado.
Com os olhos abertos respirei pelo nariz
E gritei bem alto:
- Queime tudo por dentro!
Leve contigo o que presta!
O homem que salvou o meu mundo
É feito do mesmo do que acendi na sexta.

By: Vinicius Osterer
Feito em 16 de setembro de 2018.

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