Só me Sinto Mais Um

Eu não me sinto normal,
Também não me sinto especial,
Só me sinto mais um,
Mais um garoto doente e sem saída.
Um doente a mais, sem uma vida.
Eu queria ser um garoto saudável,
Menos amargo e mais adorável,
Menos egoísta e mais tolerável,
Um garoto comum que ninguém inveja,
Sem cólicas ou dores...
Não me poupe a vida,
E nem me poupe mais o viver.
Eu não preciso mais rimar,
Eu não preciso me estender.
Uma única coisa é certa,
A vida nunca irá me cativar,
Quando eu morrer que seja uma festa,
Enfim me libertarei para não mais voltar,
Como um viajante do tempo,
Que faz as suas malas e não volta,
Como o inevitável que não se explica,
Como o inexplicável que não se evita,
Cruzando um buraco de minhocas,
Uma caixa de estrelas interconectadas,
Um punhado grande de borboletas,
E um tanto de anjos frios e sem assas.
E como a lâmina de um assassino,
Eu serei cortante e me venderei,
Posso ser mais um menino?
Não posso não, eu já madurei.
Sem certeza, sem golpismos,
Sem soluços ou invernos furtivos,
Sem sombras, sem ter que me esconder,
Isso vai bem, eu sei que vai melhorar,
Eu não quero só aparecer,
Eu quero poder lhe transformar,
Tocar-lhe sem medo,
Deixar-lhe atordoado,
Partir para o inevitável escuro,
Que para a escrita até é complicado.
Deixe-me ser o que eu sou,
Eu não preciso de sua aprovação,
Eu não sou um produto preciso,
Com marca, símbolo e inspeção.
Sou tempestuoso, sou vulgar e amargo,
Sou um crônico filho da mãe,
Um estudante repulsivo e irresponsável,
Sou a poeira interestelar,
Sou o grito de uma madrugada escura,
Sem culpa por não ver no céu mais nenhuma lua.
Estou na beira da loucura,
Tudo está se desestruturando,
E esse texto tem muita doçura,
Só me sinto mais um, que acabou sonhando.
Sim, eu estou quase acabando.
Um terço de medo, dois quartos de paz?
Fechei um ciclo que nunca se fechava.
Adeus ao passado. Até nunca mais!
Eu encontrei o que eu tanto desejava.

By: David Bowiekowski
Feito em 31 de Outubro de 2015.

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