DYE FOR ME
Vampiro que conspira contra meus sonhos,
Sugando de todas as minhas veias o sangue,
Ferida por ferida que vem e lambe,
Abrindo o peito para que saia e sangre,
Suspiro, gemo, caio na tonalidade marrom.
Admiro apático o teor do seu nome,
Enterrando sobre mim suas projeções de coveiro,
Atando-me a ti como um prisioneiro,
Trajando em punho o escudo de um guerreiro,
Respiro, atento meus olhos para o voo...
Inspiro, desenganando a morte dos meus olhos,
Tentando construir um verso moderno,
Coloco meus sapatos e visto o meu terno,
Com os traços que adquiri do meu lado materno,
Aspiro morrer com cor.
Moreno e liso vibro a corda do violão-canção,
Que me faz vinte e tantos e cor-de-rosa,
Sereiano fatiado dentro de uma prosa,
Que treme, que cura, que remete e goza,
Ameno como a tatuagem que precisa ser retocada.
Obsceno procuro no escuro a harmonização-liberdade,
A única ação que faço é erguer a mão e tingir,
Ver uma versão melhorada de mim surgir,
Enquanto os quarenta minutos fazem emergir,
Pequeno princípio da revolução-reels.
Veneno para as células cancerígenas que carrego,
Uso mais um pouco do pó descolorante,
Preciso mudar os fios fazendo um transplante,
Enquanto ainda tento esquecer a dor dilacerante,
Pleno e certo quanto ao futuro!
Pincelada atrás de pincelada, cadê o tom?
Parece que me envolvi com um espectro tóxico,
Enchendo o meu coração com monóxido,
Corroendo meu peito como o pior ácido,
Oxigenada com quarenta volumes.
Tonelada e meia, curvo as pernas, me recomponho,
Com um cabelo quebrado e todo colorido,
Meu corpo delgado e não mais suprimido,
Travando a luta noturna com o comprimido,
Madrugada adentro normalizando meu cérebro.
Humorada? Não-Humorada? Me equalizando,
Com uma estagnação-cabelo-alaranjado,
Somatizando no corpo-magro-cadeado,
O desejo de ser matéria-vida-amado,
Chaveado como uma porta que não abre.
Plástico, me espatifo contra uma parede,
Feita de opinião e material sintético,
Me acho um defeito, me sinto patético,
Com linguagem marginal, um bocado hermético,
Elástico, sempre tentando me adequar à uma forma.
Sarcástico eu fico na solidão cromática,
Tentando não parecer um psicótico,
Erguendo palavras em um poema caótico,
Que tenta se vender como algo erótico,
Estático e parado no meu próprio tempo.
Fantástico relembro da tentativa e fracasso,
De ser um sujeito apenas monocromático,
De construção plana e não multisemiótico,
Sujeito carne, verbo, coração morfossintático,
Emblemático que respira ritmado como canção.
Abro a caixa de tinta de cabelo, meu caixão.
Estou pronto para criar e recriar o funeral.
Enterro o amor problemático com um final,
Sem ossos, sem sentimentos, não-carnal.
Passando um corretivo 6.4 na paixão.
Ando pelas prateleiras do mercado em procissão,
Como um homem-destino-general,
Observo dos meus 1,80 o momento fatal,
Expurgando da minha aura todo o mal,
Amém, racional, emocional, da razão.
Ergo para minha própria solidão,
Inerente e colorida com um tom pastel.
Em um cabelo aberto-liberdade-o meu céu,
Corrompendo a poesia-coração.
Dye for me, meu irmão,
Enquanto a indústria farmacêutica é minha poesia.
By: Vinicius Osterer.
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