Taurino
Faminto pelos olhos que me deixaram cair,
Eu volto pra patética não ida.
Sua voz muda em despedida,
Meu orgulho banal de um homem caduco,
Eu paro, penso e luto
Contra a ideia de criar na cabeça o que não é meu:
Sentimento segundo, vida em decomposição,
Para as plantas.
Dentro de mim há mim que não sabe,
O quanto o segredo temoroso da árvore nas costas,
Cresce devagar como um eco tumoral,
A inveja, o passado imemorial,
Que insiste se fazer memória. Se fazer presente.
O minuto de alegria, na criação de um enredo
O amor obcecado em segredo
Que não acha e nem procura mais o prumo
Perdendo a mão, construindo a visão
Dos olhos que me deixaram cair.
E a velhice dos sentimentos maduros demais,
Que caem pobres sobre a terra dos meus pés,
Plantados no tempo que não chega.
Me pergunto: “Se ele vier, como fico?”
Emudeço, em desgraça me solidifico.
Você faz falta e eco.
Como o barulho mudo das ondas do mar,
Que recuam metros e metros em uma bélica
arrebentação.
Disperso, não quero mar e praia.
Me enterro entre folhas, para ver se broto.
Faminto como um taurino em terra,
Arranco a marca da pele em recusa.
O mostro-amor-tortuoso-bélico
Estampado idílico como minha musa.
Amor não vem só em Setembro.
By: Vinicius Osterer
Feito em 17 de agosto de 2021. Francisco Beltrão –
PR.
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