A Festa de Malisca
A tempestade do horizonte estava chegando,
Eu a chamei de Malisca, logo o mundo
sentiria,
Aos poucos a temperatura acabou abaixando,
E os ventos começariam a destruir o que
previa.
Os raios cortaram o céu escuro da noite de
Abril,
Já não era mais quaresma e o Diabo estava
trancado,
Veio água e mais água como nunca se viu,
A chuva foi tamanha que acabei todo
encharcado,
Ajuntei as minhas folhas, corri para dentro,
fechei as portas,
Queimei ramo bento e cobri os espelhos das
paredes,
Cruzei minhas mentiras e fechei os olhos
dando as costas,
Não se via mais formas apenas as conexões e
redes.
Malisca esposa de Molusco e qualquer coisa
marinha,
Me deixou de feição fechada, velado e
solitário,
Destruiu com a cidade planejada dos meus
sonhos e adivinha:
Arrasou com a minha vida, e colocou tudo ao
contrário.
E rimar não é necessário, não tecerei nenhum
comentário.
Não existe mais vocabulário, Malisca fez
aniversário,
Sim foi isso que eu ouvi quando foram dez
horas exatas,
Cantavam alta as nuvens: “Parabéns para você!”,
O rio enchia, levava as casas das pessoas já
fartas,
Daquele barulho infernal. Daquele grande
fuzuê.
As coisas ficaram estranhas, com a magia
negra modesta,
E os raios dissiparam da cidade toda a luz
elétrica acessa,
Para jogar deveriam quebrar mais uma regra da
festa,
Deveriam sucumbir aos seus instintos com mais
frieza,
A reza era pouca, essa era uma fraqueza,
E a palavra estava solta, não se tratava da
pureza,
Era um parabéns com sons africanos e gestos
comedidos,
Uma festa particular para Malisca e seus
admiradores,
Para curar as memórias dos corações partidos,
E repaginar as histórias já povoadas com
muitas cores.
A chuva de lágrimas estava passando,
Apenas tinham raios de cólicas que
atormentavam a escuridão,
De repente um raio acabou iluminando,
O vazio e o silêncio que se fez por
antecipação.
Já sabia-se de Malisca no noticiário da
manhã,
Já ouvia-se sobre ela na previsão do
meio-dia.
Mas a mente que estava vivenciando uma
filosofia vã,
Não conseguia entender uma informação tão
vazia.
Acabou a bateria do celular, eu estava
incomunicável.
As lojas não vendiam computadores e nem
canetas.
Os papéis não se encheriam com um sorriso
agradável,
Os textos não estariam prontos e arquivados
nas gavetas.
Tudo estava errado. Tudo estava estranho.
O que não estava molhado acabou tomando um
banho.
Dentro de uma torrente, que parecia um
rebanho,
Quebrando em mim uma corrente, deixando meu
cabelo castanho.
Se ver Malisca diga que não pude comparecer à
festa promovida,
Estava dormindo e contando algumas
falsidades,
Se ela desabar em água em uma quantidade de
chuva comovida,
Diga que nunca me dei bem com as tempestades.
Beijo Malisca, que chora na minha janela,
Se as paredes aguentarem eu não cederei facilmente.
A casa e a tempestade me trancafiaram em uma
cela,
E acredito que aguentarei como um homem
bravamente,
E tudo isso por que eu vi a tempestade surgir
no horizonte,
Naquele mesmo horizonte onde o sol é devorado
todo dia.
By: Vinicius de Góis
Feito em 13 de Abril de 2016.
Comentários
Postar um comentário