Ressurreição
Não existe espaço para a arte da realidade,
O que eu posso fazer para lhe agradar?
Me diga que o seu sucesso vem de alguma
maldade,
Que eu piamente acredito sem ao menos
questionar.
Eu quero purificar o que você tem por dentro,
Colocar um pouco mais de minha influência
abusiva,
Sem trazer ofensa ou lhe causar algum tormento,
Sem pensar ou racionalizar uma voz calma e
passiva.
Eu sou um grande atirador de palavras,
capture-as no ar,
Como balas que saem quentes de revólveres clandestinos,
Eu sou o senhor de uma tarde estranha que
resolveu chegar,
Para estragar e arruinar, mudando alguns
destinos.
Eu sou filho de uma vida de merda, de uma
classe social assassina,
Que mata um cachorro a dente por dia para poder
sobreviver.
Sou o jovem de aparência medonha, com a canela
muito fina,
E não nasci para lhe agradar ou para lhe dar o
que você quer ver.
Eu posso ser a sua igreja vazia e sem oração,
Eu posso criar e desenhar para você um mundo
idealizado.
Eu posso aceitar só ser mais um na multidão,
Mas não posso me iludir ou simplesmente ficar
calado.
A luta continua, sempre vem do meu lado externo
para o interno.
Sempre existe batalhas para quem quer ir além
do seu limite.
A grandeza não possui um valor que é
extremamente eterno,
Quando a palavra que é selecionada não emite
valor e se omite.
Não existe mais grandeza na arte da realidade,
O que eu posso fazer para você não ser mais
vulgar?
Os platônicos pensamentos sobre a arte da
criatividade,
São idealizados em outro plano para depois
prosperar.
Eu posso pintar um arco-iris ou ser um
caldeirão de matéria escura,
Eu posso fingir que sou cego e que não tenho
mais salvação,
Eu posso enlouquecer e fugir sozinho gritando
pela rua,
Por que simplesmente cansei de não mais chamar
a sua atenção.
Eu não quero ser mais um animal solitário que geme de dor,
Eu não quero ser mais um animal solitário que geme de dor,
Ou um homem antigo e ultrapassado com ideias
presas na frustração.
Eu quero persuadir a sua personalidade e lhe
mostrar o calor,
Que eu faço brotar do meu coração de gelo e da
minha escuridão.
Eu sinto o meu coração batendo mais forte nesta
rima,
Eu estou livre e estou pairando sobre a minha
própria limitação,
E não sei mais o que posso ver daqui de cima,
Se eu sou a cópia barata ou se eu sou a
inspiração.
Queria poder lhe dizer o que as palavras
escritas melhor significam,
Queria poder compartilhar o que este mix de
letras não traduz,
Mas seria o mesmo que pedir para que alguém me
crucifique,
Assim como Jesus morreu em uma tarde nublada em
uma cruz.
E não posso dizer que este texto é a minha
sexta feira santa,
Pois é o meu regresso em uma Páscoa de um
domingo de ressurreição,
E não sei por que considerar isto ofensivo, por
que isto lhe espanta,
Eu já me perdi outras vezes durante o meu
caminho e na minha solidão.
Não existe um lado de fora material e um espaço
limitado,
Não existe pensamento que não possa ser
substituído,
O maior segredo que nos é sempre revelado,
É aquele que mais tentamos manter oculto ou
escondido.
E não existe chance para a arte da realidade,
Como eu posso saber se isto ainda vai
continuar?
Se a palavra é de ferro e baseada na verdade,
Eu subi aos céus no terceiro dia para
ressuscitar.
O espaço imaterial está me consumando,
Eu não estou acostumado a comer a antimatéria,
As palavras estavam presas me sufocando,
E me deixando mais agravado da minha própria
miséria.
Escrever não é a minha, não está sobre minha
perspectiva,
E é frustante se escrever apenas por mais
letras e sons,
Eu acho que não tenho mais nenhuma alternativa,
Virei um punhado de balas e umas caixas de
bombons.
Não ame a sua convicção cega que lhe diz que
você é correto,
Fuja da amargura de palavras certas e
sentimentos exatos,
Procure o que não for ofensivo e mantenha
sempre por perto,
Uma saída de ressurreição para não se viciar
pelos fatos.
Não existe espaço para a arte da realidade.
Sim isso é verdade, a arte da realidade.
E não quero mais persuadir nada e ninguém.
Ponto final.
By: Vinicius de Góis
Feito em 20 de março de 2016.
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