Um Fevereiro Nublado
E quando se deseja morrer mais do que a própria
vida?
Eu acendo alguns incensos e tento achar uma
saída.
Pois só queria poder sorrir e curtir um
carnaval de Fevereiro,
Poder beber e esquecer os meus problemas do ano
inteiro,
E queria poder sair e viver, sair de mim e
transcender o meu corpo,
Desencarnar e morrer, na expressão: “tão livre,
leve e solto”,
Subir e subir e não se permitir mais os medos
ou a escuridão,
Não ferir a ninguém e nem mesmo partir nenhum
coração,
Voar alto, bem alto, como uma energia cósmica
em movimento,
Sem me atentar ao fato da dor ou do não ter um
talento.
Eu posso e eu quero acreditar em todas estas
magias,
Eu sou feito de ossos, carnes e posso me
arrepender,
Não existem motivos para eu chorar por
porcarias,
Mas quando o desejo da morte é maior do que o
de viver?
E se chupar o dedo como uma criança me acalma,
O que isso vai mudar na sua vida?
Eu cansei de assistir a minha solitária alma,
Encurralada pelos cantos sem saída.
Eu sou maior do que as minhas dores e toda
aquela angústia congelada,
Não há nada que você possa fazer sobre isto.
Eu sou maior do que os meus medos e a minha
amargura guardada,
E não quero mais ouvir nada sobre isto.
Eu cansei do inacabável e daquilo tudo que não
pode ser visto,
Eu quero mais o amor e a força, nisto sim é que
eu ainda insisto,
Porque é difícil ter uma opinião e não comer o
que se quer,
Não viver o que se pode viver.
Eu peço que o universo me dê a força que puder,
Porque a vontade maior é a de morrer.
O que eu tenho que aprender?
O que eu devo aprender?
Porque as coisas não querem ser menos complexas
e dolorosas?
Sem as doses de remédios para as minhas cólicas
tenebrosas?
O que é que eu tenho que aprender,
Quando o desejo da morte é maior do que o de
viver?
Não vou mudar a minha mente e nem esta
percepção,
Ás vezes perder um pouco da vida pode ser uma
inspiração,
E isso tudo é maior do que as palavras deste
dia nublado,
Ou dos dias de uma cama dolorida e de um garoto
mal amado,
Com a sua própria maldição de vida, a sua vida
maldita,
E toda a palavra que nem vou ousar citar na
escrita.
Agora não sei mais o que devo fazer, aonde ir,
o que foi traçado?
Não quero morrer como um inseto ou um sujeito
deplorável!
Eu estou bem mais verdadeiro, sem um personagem
montado,
Eu não sou mais um miserável! Eu não sou mais
um miserável!
Ás vezes perder um pouco da vida pode ser uma
inspiração,
Quando o desejo de morrer fica preso na sua
razão,
Mas e quem falou que este é o fim?
Este é apenas o começo.
Quando a morte vem até a mim,
Eu vou até ela e então eu recomeço:
E quando o desejo de morrer é maior ainda?
Eu posso acender uns cigarros ou tomar alguns
remédios?
E se essa não for a minha cura e nem a saída,
Ao menos apaziguarei os meus demônios e
eliminarei meus tédios.
Tomar remédios e mais remédios para passar o
meu tempo,
O meu tempo é o aqui e também é o agora.
Se o desejo da morte me consumir por dentro,
Eu faço as minhas malas, me mato e vou embora.
Não se pode evitar o que já está impregnado no
seu ser,
Sempre vi a morte me abraçar e não me conter,
Por que eu subia, subia, e tudo era iluminado,
Isso tudo é maior do que as palavras deste
Fevereiro nublado.
By: Vinicius de Góis
Feito em 09 de Fevereiro de 2016.
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